04/12/2025
A Mahzi Therapeutics anunciou o início do primeiro ensaio clínico de terapia gênica para a síndrome de Pitt Hopkins, um tipo raro de autismo sindrômico ligado ao gene TCF4. A aprovação marca um avanço inédito: será a primeira vez que uma intervenção desenvolvida a partir de organoides cerebrais — os chamados minicérebros humanos — chega à etapa de testes em pessoas. O estudo utilizará a terapia MZ-1866, baseada em um vetor AAV-9 administrado por injeção intracerebroventricular, criado pelo Muotri Lab (EUA), com o objetivo de avaliar segurança, tolerabilidade e possíveis sinais iniciais de eficácia.
“Ver os primeiros resultados de anos de pesquisa com organoides cerebrais avançarem para um teste clínico é a prova de que estamos transformando ciência básica em esperança real para as famílias”, destacou Alysson Muotri, pesquisador da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD) e responsável pelo desenvolvimento científico que deu origem à terapia. Segundo ele, esse é um momento histórico também para o campo do transtorno do espectro do autismo (TEA), por representar a chegada das terapias gênicas ao universo dos autismos sindrômicos.
Recrutando inicialmente participantes de 12 a 25 anos, o ensaio de Fase 1/2 prevê a inclusão de apenas 12 voluntários, com posterior expansão para a faixa etária de 2 a 11 anos. Após receberem uma única dose da terapia, os participantes serão acompanhados por exames clínicos, laboratoriais, avaliações de neurodesenvolvimento e entrevistas periódicas com cuidadores. O primeiro centro autorizado a iniciar o recrutamento é o UCSF Benioff Children’s Hospital Oakland, na Califórnia (EUA), com novos locais previstos para abrir em Chicago, Denver, Israel e Espanha nas próximas semanas.
Autismo sindrômico
“A síndrome de Pitt Hopkins, um tipo de autismo sindrômico, nos ensinou muito sobre o neurodesenvolvimento e agora começamos a testar, pela primeira vez, uma intervenção criada diretamente a partir desses modelos de minicérebros humanos”, afirmou Muotri. A expectativa da comunidade científica e das famílias é que a terapia possa corrigir, ao menos parcialmente, falhas funcionais decorrentes do gene TCF4, cuja disfunção afeta linguagem, cognição, coordenação motora e outras áreas do desenvolvimento.
O estudo, denominado oficialmente Phase 1/2 First-in-Human Study to Evaluate the Safety, Tolerability, and Efficacy of MZ-1866, tem início estimado para janeiro de 2026 e conclusão prevista para 2029. De acordo com as informações registradas no ClinicalTrials.gov, o foco primário desta fase é a segurança, embora pesquisadores também avaliem possíveis sinais preliminares de benefício clínico.
Mais detalhes sobre o ensaio, critérios de participação e contatos dos centros podem ser consultados diretamente na página oficial: https://clinicaltrials.gov/study/NCT07135050. Para saber mais sobre a síndrome, acesse o site da Associação Brasileira da Síndrome de Pitt Hopkins (pitthopkins.org.br).


