Liderado por brasileiros, grupo descobre mecanismo causador da síndrome de Pitt-Hopkins, disfunção neuropsiquiátrica com características de TEA
Um grupo liderado pelo cofundador da Tismoo Biotech, o neurocientista brasileiro Dr. Alysson R. Muotri, da Universidade da Califórnia San Diego, nos Estados Unidos, em parceria com cientistas brasileiros da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), conseguiu reverter a evolução da síndrome de Pitt-Hopkins em modelos humanos de laboratório, além de descobrir o mecanismo causador dessa condição de saúde. A descoberta abre caminho para a possibilidade de tratamento tanto com medicamento como terapia gênica para a síndrome, que é um dos subtipos de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
O trabalho científico foi publicado nesta segunda-feira, 2.mai.2022, na revista Nature Communications. “A terapia genética nunca foi testada para o autismo. Já imaginou reverter de vez todos os sintomas indesejados e comorbidades do autismo profundo? Nosso trabalho com a síndrome de Pitt-Hopkins é a porta de entrada para a melhores condições de vida e aumento do potencial de indivíduos autistas”, explicou Muotri.
Outro coordenador do trabalho, ao lado de Muotri, foi Fabio Papes, professor do Instituto de Biologia (IB-Unicamp): “Para a maioria dos casos de TEA, não se sabe qual gene causa a condição quando mutado. Assim é também para a maioria das doenças neuropsiquiátricas, como esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar. A síndrome de Pitt-Hopkins, por sua vez, tem como origem uma mutação no gene TCF4. Mas, até então, não eram conhecidos seus mecanismos moleculares, ou seja, o que há de diferente nas células do sistema nervoso dos pacientes com a mutação”, contou Papes.
Caracterizada por déficit cognitivo, atraso motor profundo, ausência de fala funcional e anormalidades respiratórias, entre outros, a síndrome de Pitt-Hopkins foi descrita em 1978, mas seu gene causador — chamado TCF4 — ficou conhecido apenas em 2007. A estimativa é de que a prevalência seja de 1 a cada 35 mil nascimentos.
Para esta pesquisa foram usados organoides cerebrais humanos (também conhecidos como minicérebros, estruturas desenvolvidas a partir de células-tronco reprogramadas dos próprios indivíduos) — tanto dos pacientes com a síndrome, como de seus pais —, já que a síndrome não se desenvolve em camundongos da mesma maneira que em seres humanos. Os minicérebros dos pais se desenvolveram normalmente; os das pessoas com a mutação no TCF4 cresciam menos — resultado da menor replicação das células causada pela síndrome e de um prejuízo da própria neurogênese —, além de terem neurônios em menor número e com menor atividade elétrica comparados aos dos pais, que eram os minicérebro de controle. Essa descoberta pode explicar muitas características clínicas desses pacientes.
São resultados semelhantes aos obtidos no primeiro estudo do cérebro de uma pessoa com síndrome de Pitt-Hopkins, quando foram analisados os tecidos post-mortem (de um paciente falecido por outras razões), o que reforça as conclusões obtidas com os minicérebros. “O acesso ao cérebro post-mortem foi essencial para validarmos alguns dos resultados obtidos com os organoides cerebrais. O fato de termos visto características semelhantes entre o organoide criado em laboratório e o cérebro mostra o quão relevante é essa tecnologia”, afirma Muotri.
Terapia gênica
Após desvendar quais alterações foram causadas pela mutação no gene TCF4, os pesquisadores buscaram maneiras de corrigi-la e, assim, realizar uma prova de conceito do que seria um possível tratamento.
Foram testadas três maneiras diferentes estratégias:
A primeira foi utilizando a técnica de manipulação gênica conhecida como CRISPR-Cas9. Nesse contexto, uma versão recente da técnica foi empregada para fazer com que a cópia funcional do gene existente na célula disfuncional passe a expressar muito mais proteína, compensando a cópia afetada pela mutação causadora da síndrome de Pitt-Hopkins.
A segunda intervenção, usando uma técnica diferente, os cientistas inseriram uma cópia extra do gene, que passou a exercer normalmente as funções gênicas, compensando a cópia mutada.
“Nosso genoma tem duas cópias de cada gene. O que causa a síndrome de Pitt-Hopkins é o fato de uma das cópias do TCF4 não funcionar. Inserir uma terceira cópia ou fazer com que a única cópia funcional expresse mais proteína para compensar a defeituosa pode solucionar o problema”, diz o pesquisador.
Os organoides que sofreram as intervenções passaram a crescer normalmente e tiveram um aumento da proliferação das células progenitoras, que no cérebro dão origem a diferentes tipos de célula, inclusive neurônios.
“Ainda que esse distúrbio seja considerado raro, existem outros que envolvem mutações nesse mesmo gene. Portanto, o que descobrimos aqui pode, futuramente, ser aplicado para transtornos como a esquizofrenia, por exemplo”, afirma Papes.
Fármaco
Uma terceira estratégia foi a aplicação de uma droga usada em estudos com células tumorais. Conhecida pela sigla CHIR99021, ela ativa uma via de sinalização celular conhecida como Wnt, muito estudada no contexto do câncer e que os autores descobriram ser alterada também por mutações no gene TCF4.
Em células e organoides disfuncionais tratados com a droga houve melhora em alguns indicadores moleculares e aumento de tamanho (no caso dos organoides). Os resultados abrem caminho para o desenvolvimento de medicamentos similares que possam tratar a disfunção, uma vez que a CHIR99021 ainda não pode ser utilizada em seres humanos.
“Essa via tratada com a droga é apenas uma das alteradas pela mutação no gene TCF4. A vantagem de uma terapia gênica em relação a um tratamento farmacológico é que ela resolveria o problema na sua origem. No entanto, a busca por novas drogas também é promissora”, diz Papes.
A campanha nacional de 2022 para celebrar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo traz o tema “Lugar de autista é em todo lugar!” (com a hashtag #AutistaEmTodoLugar), pedindo inclusão em todos os aspectos, em todos os âmbitos, em todo lugar. A data é celebrada todo 2 de abril, criada em 2007 pela ONU (Organização das Nações Unidas), quando cartões-postais de todo o planeta se iluminam de azul — no Brasil, o mais famoso é o Cristo Redentor — para lembrar a data e chamar a atenção da mídia e da sociedade.
O número de referência mundial da prevalência de autismo é do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, que aponta 1 criança com autismo a cada 44 nascimentos nos números divulgados no fim de 2021. O Brasil não tem números oficiais e, neste ano, pela primeira vez teremos uma pergunta sobre autismo no Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
André e a Turma da Mônica
O cartaz oficial da campanha é estrelado pelo André, o personagem autista da Turma da Mônica, graças à parceria da Revista Autismo com o Instituto Mauricio de Sousa. “Criamos o André inicialmente para participar de vídeos e revistas institucionais e conscientizar os pais sobre os sinais do autismo. Hoje, ele integra as historinhas da Turma da Mônica, mostrando às crianças como podemos aprender com as diferenças. Eu mesmo tenho aprendido muito desde a criação do personagem. Ficamos muito satisfeitos de ter o André na campanha”, diz Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica e presidente do Instituto Mauricio de Sousa.
Em 2019, Mauricio de Sousa fez uma tirinha especial para o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que é muito usada até hoje. O objetivo da data é alertar adultos e crianças sobre a importância de se informar a respeito do autismo, cada vez mais diagnosticado em todo o mundo por conta de maior disseminação de informação. Em parceria com a revista, toda edição da publicação traz uma história em quadrinhos inédita do André e a Turma da Mônica, já foram publicadas 5 histórias na revista, além da tirinha especial.
#AutistaEmTodoLugar
O tema deste ano — com a frase da mãe e ativista Fátima de Kwant: “Lugar de autista é em todo lugar!” — vem mostrar a importância de incluir as pessoas autistas nos mais diversos “lugares” da sociedade. O autismo tem um grande espectro de variedade e diversidade de pessoas e da maneira como o autismo caracteriza suas vidas, porém, todas elas, sem exceção tem seu lugar e o direito de estar e fazerem o que quiserem.
Mais conteúdo sobre autismo e o “2 de abril” podem ser obtidas no site da Revista Autismo (CanalAutismo.com.br/DiaMundial), publicação gratuita, impressa, distribuída em todos os estados do Brasil, e também digital. No site da ONU (www.un.org/en/events/autismday) também há mais informações sobre a data.
Autismos
Pode-se dizer que há vários tipos ou subtipos de autismo, pois o transtorno é caracterizado por déficits, de qualquer nível, em duas importantes áreas do desenvolvimento: comunicação social (socialização e comunicação) e comportamento (movimentos repetitivos e interesses restritos). O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), portanto, afeta cada pessoa de maneira única. Não há um autista igual ao outro — nem em gêmeos idênticos.
Estudos recentes (principalmente uma grande pesquisa científica publicada em 2019, com mais de 2 milhões de indivíduos, em cinco países) têm demonstrado que fatores genéticos são os mais importantes na determinação de suas causas (estimados entre 97% e 99%, sendo 81% hereditário), além de fatores ambientais (de 1% a 3%). Existem atualmente mais de 900 genes já mapeados e implicados como fatores de risco para o transtorno.
No Brasil, a “Lei Berenice Piana” —Lei 12.764, de 2012, que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo, regulamentada peloDecreto 8.368, de 2014 — garante os direitos dos autistas e os equipara às pessoas com deficiência. A legislação, porém, saiu minimamente do papel até agora.
Estimativa: 2 milhões
Apesar da prevalência norte-americana de 1 a cada 44 crianças, que são referentes a uma pesquisa de 2018, com número de homens quatro vezes maior que o de mulheres, a ONU, através da Organização Mundial da Saúde (OMS), considera uma estimativa conservadora, de que aproximadamente1% da população mundial esteja dentro do espectro do autismo, a maioria sem diagnóstico ainda. No Brasil não sabemos a prevalência de autismo, temos apenasum estudo de prevalência de TEA até hoje, umestudo-piloto, de 2011, em Atibaia (SP), de1 autista para cada 367habitantes (ou 27,2 por 10.000) — a pesquisa foi feita apenas em um bairro de 20 mil habitantes daquela cidade. Segundo aestimativa da OMS, o Brasil pode ter mais de 2 milhões de autistas. O Censo 2022 poderá dizer o número de diagnósticos do país, não o número total de pessoas autistas.
Sinais de autismo
A seguir, relacionamos alguns sinais de autismo. Apenas três deles presentes numa criança de um ano e meio já justificam uma suspeita para se consultar um médico neuropediatra ou um psiquiatra da infância e da juventude.
Não manter contato visual por mais de 2 segundos;
Não atender quando chamado pelo nome;
Isolar-se ou não se interessar por outras crianças;
Alinhar objetos;
Ser muito preso a rotinas a ponto de entrar em crise;
Não brincar com brinquedos de forma convencional;
Fazer movimentos repetitivos sem função aparente;
Não falar ou não fazer gestos para mostrar algo;
Repetir frases ou palavras em momentos inadequados, sem a devida função (ecolalia);
Não compartilhar seus interesses e atenção apontando para algo, ou não olhar quando apontamos algo;
Data é celebrada desde 2008, criada na Europa, e tornou-se lei no Brasil em 2018
Criado pela Organização Europeia de Doenças Raras (Eurordis), em 2018, para sensibilizar governantes, profissionais de saúde e população sobre a existência e os cuidados com essas doenças, o Dia Mundial das Doenças Raras tem como objetivo levar conhecimento e buscar apoio aos pacientes, além do incentivo às pesquisas para melhorar o tratamento. No Brasil, a data foi oficialmente instituída pela Lei nº 13.693/2018. Ele sempre acontece no último dia de fevereiro — 28 e, em ano bissexto, dia 29 (data rara).
Relacionadas ao autismo, temos diversas síndromes e doenças raras, como, por exemplo: síndrome de Rett, CDKL5, síndrome de Timothy, síndrome do X-Frágil, síndrome de Angelman, síndrome de Phelan-McDermid, síndrome cri-du-chat, entre outras.
É considerada uma doença rara aquela que afeta até 65 pessoas em cada grupo de 100 mil indivíduos, ou seja, 1,3 pessoas para cada 2 mil indivíduos. O número exato de doenças raras não é conhecido, mas estima-se que existam entre 6 mil a 8 mil tipos diferentes de doenças raras em todo o mundo.
As principais características das doenças raras são a ampla diversidade de sinais e sintomas, que variam não só de doença para doença, assim como de pessoa para pessoa acometida pela mesma condição. Manifestações relativamente frequentes podem simular doenças comuns, dificultando o seu diagnóstico, causando elevado sofrimento clínico e psicossocial aos afetados, bem como para suas famílias.
Geralmente crônicas, progressivas e incapacitantes, podendo ser degenerativas e também levar à morte, afetando a qualidade de vida das pessoas e de suas famílias, muitas doenças raras não têm cura, sendo que o tratamento consiste em acompanhamento clínico, fisioterápico, fonoaudiológico e psicoterápico, entre outros, com o objetivo de aliviar os sintomas ou retardar seu aparecimento ou sua progressão.
Na edição número 15 da Revista Autismo (trimestre de dez/jan/fev.2022), a bióloga e cofundadora da Tismoo Graciela Pignatari publicou um artigo a respeito de uma comparação entre os exames genéticos de sequenciamento do exoma completo e array (CGH/SNP-array), para pessoas com autismo e outros transtornos do neurodesenvolvimento.
Graciela, que tem mestrado e doutorado em biologia molecular, cita um estudo de 2019, feito por 12 experientes profissionais, que analisaram 30 artigos científicos dos EUA, Europa, Oriente Médio e Ásia.
Além das versões digital e impressa da revista (na página 33), o texto também está publicado online no site da revista, o CanalAutismo.com.br. Leia a seguir o início do artigo — o link para o artigo completo está no final deste texto.
Exoma ou array?
Com o objetivo de comparar os exames de microarranjo genômico (também conhecido como CGH-array ou SNP-array) e o sequenciamento do exoma, um grupo formado por 12 revisores experientes ‒ geneticistas clínicos e laboratoriais, neuropediatras, aconselhadores genéticos e especialistas em comportamento ‒ se reuniu, em 2019, para uma meta-análise comparando tais exames e visando analisar qual seria o impacto deles no gerenciamento clínico dos pacientes com transtornos do neurodesenvolvimento (transtorno global do desenvolvimento (TGD), deficiência intelectual (DI) e transtorno do espectro do autismo (TEA).
Esse estudo publicado teve como objetivo principal comparar o rendimento do exame de microarranjo genômico (CGH/SNP-array), que hoje é o primeiro teste a ser sugerido para pessoas com transtorno do neurodesenvolvimento (TND), com o exoma, visando o uso clínico do sequenciamento do exoma completo para análise molecular do transtorno. Para tanto, esses especialistas estudaram artigos científicos publicados entre 01 de janeiro de 2014 a 29 de junho de 2018, até chegarem à seleção de 30 artigos mundiais envolvendo trabalhos dos EUA, Europa, Oriente Médio e Ásia. Nesse grupo de 30 artigos, 21 foram exclusivamente para transtornos do neurodesenvolvimento e em nove, além dos transtornos do neurodesenvolvimento, foram também incluídos achados clínicos específicos (sistêmico, sindrômico, ou outra característica clínica, por exemplo, microcefalia, neutropenia, ou síndrome Coffin-Siris).
Após a análise dos artigos (n=30, sendo TND n=21 e TND e condições associadas n=9), foi possível observar que o rendimento do exame de sequenciamento completo foi, no geral, em torno de 36% ‒ 31% para transtorno do neurodesenvolvimento isolado e 53% para os transtornos do desenvolvimento associados a outras condições ‒ e de 15-20% no exame de microarranjo genômico (CGH/SNP-array). Analisando mais especificamente o TEA, podemos dizer que TEA sem comorbidades teve rendimento de 16% (intervalo de confiança — IC=11-24%, n=5 artigos); TEA associado a deficiência intelectual primária de 39% (IC=29-50%, n=10 artigos) e TEA associado a deficiência intelectual heterogênea de 37% (IC=29-46%, n=6 artigos).
Dessa forma, podemos sugerir que em alguns casos, pacientes com transtorno do neurodesenvolvimento (em especial, alguns casos de autismo e de deficiência intelectual) seriam mais beneficiados com o estudo do exoma do que com a análise de microarranjos genômicos. Isso evidencia a importância da participação e do conhecimento clínico e genético para a escolha de um exame genético adequado (Srivastava et al., 2019).
Esse estudo propõe um novo algoritmo para indivíduos com transtornos do neurodesenvolvimento não explicados, e sugere que o exame de exoma seja o primeiro a ser realizado, como mostra a Figura 1.
Além disso, foi demonstrado nesse estudo que as pessoas tiveram trocas no gerenciamento médico (conduta/medicação) em torno de 30% e auxílio no planejamento reprodutivo em 80% dos casos. (continua…)
Figura 1: Algoritmo de diagnóstico incorporando o sequenciamento do exoma completo (WES, na sigla em inglês) como primeiro exame a ser realizado na avaliação de indivíduos com transtornos do neurodesenvolvimento não explicado (atraso global do desenvolvimento, deficiência intelectual e/ou Transtorno do Espectro do Autismo). Legenda – DI: Deficiência intelectual; TEA: Transtorno do Espectro do Autismo; WES: Sequenciamento Completo do Exoma; CGH: microarranjo genômico. Figura adaptada de Srivastava et al., 2019.
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Nova CID une os transtornos do espectro num só diagnóstico, assim como no DSM-5
A versão anterior, a CID-10, trazia vários diagnósticos dentro dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD — sob o código F84), como: Autismo Infantil (F84.0), Autismo Atípico (F84.1), Transtorno Desintegrativo da Infância (F84.3), Transtorno com Hipercinesia Associada a Retardo Mental e a Movimentos Estereotipados (F84.4), Síndrome de Asperger (F84.5), Outros TGD (F84.8) e TGD sem Outra Especificação (F84.9). Anova versão da classificação une todos esses diagnósticos no Transtorno do Espectro do Autismo (código 6A02 — em inglês: Autism Spectrum Disorder — ASD), assubdivisões passaram a ser apenas relacionadas a prejuízos na linguagem funcional e deficiência intelectual. A intenção é facilitar o diagnóstico e simplificar a codificação para acesso a serviços de saúde. (saiba quais são os sinais e sintomas de autismo)
A exceção ficou somente por conta da Síndrome de Rett (antigo F84.2) que não entrou nessa unificação e agora fica sozinha na nova CID-11, com o código LD90.4.
OMS
A CID, hoje com aproximadamente 55 mil códigos únicos para lesões, doenças, condições de saúde e causas de morte, é a base para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o planeta. O documento da OMS fornece uma linguagem comum que permite aos profissionais compartilhar informações de saúde em nível mundial. A nova versão foi feita 18 anos depois daCID-10 (lançada em 1990).
“A CID é um produto do qual a OMS realmente se orgulha. Ela nos permite entender muito sobre o que faz as pessoas adoecerem e morrerem e agir para evitar sofrimento e salvar vidas,” disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, no lançamento da nova versão, em junho de 2018.
Com um trabalho de elaboração que levou mais de 10 anos, a CID-11 será a primeira versão totalmente eletrônica. A ferramenta foi projetada para uso em vários idiomas: uma plataforma de tradução central garante que suas características e resultados estejam disponíveis em todas as línguas traduzidas.
Robert Jakob, líder da equipe de classificação de terminologias e padrões da OMS, falou sobre a simplificação desta versão: “Um dos mais importantes princípios desta revisão foi simplificar a estrutura de codificação e ferramentas eletrônicas. Isso permitirá que os profissionais de saúde registrem os problemas (de saúde) de forma mais fácil e completa”.
O diretor do departamento de saúde mental e abuso de substâncias, Shekar Saxena, também falou sobre a nova CID-11 em vídeo oficial da OMS, no lançamento (2018):
Relatório do órgão do governo dos Estados Unidos, com dados de 2018, indica um aumento de mais de 22% sobre o anterior, de 2016
Publicado no dia 2.dez.2021, dois relatórios do CDC (Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo dos EUA) sugerem que a prevalência de autismo naquele país é de 1 autista a cada 44 crianças com 8 anos de idade (2,3% dessa população), num estudo feito em 2018. Em relação ao anterior (de 2016) — que apontou 1 criança com autismo para cada 54 —, o aumento é de mais de 22%.
Especialistas dizem que os números crescentes de prevalência de autismo provavelmente se devem mais a uma maior identificação e ao diagnóstico mais aprimorados do que a uma mudança real na prevalência. Ou seja, não há mais pessoas com autismo, elas apenas estão sendo mais diagnosticadas, sugere o estudo.
Diagnóstico mais precoce
O segundo relatório aponta para uma melhora do diagnóstico precoce: crianças até 4 anos de idade tiveram 50% mais chances de serem diagnosticadas em 2018 do que em 2014. A comparação entre as duas pesquisas, com quatro anos de diferença, indica uma melhoria nos serviços de saúde e edução quanto ao diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nos Estados Unidos.
“Os resultados desses dois novos relatos de prevalência [de autismo] — com resultados variados em diferentes configurações geográficas e grupos sociodemográficos — refletem os muitos desafios que pesquisadores e autoridades de saúde pública têm ao tentar determinar a verdadeira prevalência [do autismo]”, disse Andrew Adesman, chefe de pediatria comportamental e de desenvolvimento do Cohen Children’s Medical Center, em New Hyde Park, Nova York (EUA).
arte: Canal Autismo / Revista Autismo
Variação: de 1 em 16 a 1 em 26
Em nota à imprensa, Deborah Bilder, professora de psiquiatria infantil e adolescente e pediatria do Huntsman Mental Health Institute da University of Utah Health, explicou: “O diagnóstico e o tratamento precoces do autismo otimizam a capacidade das crianças de aprender, envolver-se com os outros e desenvolver independência. É por isso que esses estudos são tão importantes. Eles não apenas nos ajudam a ter uma ideia melhor da crescente prevalência do autismo, mas também podem melhorar políticas, serviços e pesquisas direcionadas a ajudar crianças e suas famílias afetadas pelo autismo”, ressaltou ela.
A nova estatística foi baseada em dados de 2018 de 11 comunidades da rede de Monitoramento do Autismo e Deficiências do Desenvolvimento (ADDM, na sigla em inglês). As taxas de autismo nessas comunidades variaram de 1 em 60 (1,7%) no Missouri a 1 em 26 (3,9%) na Califórnia.
Essas diferenças podem ser devido à forma como as comunidades identificam crianças com autismo, de acordo com o CDC, que observou que algumas comunidades também têm mais serviços de saúde e educação para crianças com autismo e suas famílias.
Pesquisadores também encontraram diferenças raciais e étnicas persistentes no diagnóstico de autismo. Em várias das 11 comunidades, menos crianças hispânicas foram diagnosticadas com autismo do que crianças negras ou brancas. Além disso, crianças negras com autismo eram mais propensas a serem diagnosticadas com deficiência intelectual do que crianças brancas ou hispânicas com autismo.
O estudo original (em inglês) pode ser acessado no site do CDC.
Transmitida no Instagram, a live com Polly Appel teve tradução para o português, com a colaboração de June Camargo
Numa live bem descontraída, a mãe norte-americana Polly Appel contou sobre a criação da SHANK2 Foundation e sobre suas motivações para essa iniciativa. Realizada no Instagram @_tismoo, na noite de 22.nov.2021, a live contou com a valiosa colaboração de outra mãe, June Camargo, que fez a tradução — do inglês para o português — das falas de Polly e ainda acrescentou sua experiência com uma filha com transtorno do neurodesenvolvimento associado a mutações no gene SHANK2.
No vídeo a seguir (gravado da live), você pode assistir Polly contando sobre sua família e, principalmente sobre seu principal motivador, o filho, Jarret (de 25 anos), que tem mutação no gene SHANK2, e o porquê de criar uma fundação para incentivar a ciência e a ajuda mútua entre as famílias.
As contribuições de Polly e de June foram preciosas e podem incentivar muitas famílias não só a buscar a causa genética do autismo de muita gente (com mapeamento genético, como o sequenciamento do exoma completo, que foi o que ambas fizeram), como também a união de grupos em torno de uma mutação genética, que pode fazer com que seja mais pesquisada e estimular a ajuda entre si — a exemplo da SHANK2 Foundation (www.shank2.org).
Por último, o site da SHANK2 Foundation é: shank2.org.
Por Claudia Spadoni
Dia 22 de outubro é o dia de conscientização da síndrome de Phelan- McDermid e por este motivo várias ações aconteceram no Brasil, nos Estados Unidos, na Espanha e em diversos outros países, para levar informação e agregar cada vez mais pessoas e conhecimento a toda comunidade da síndrome de Phelan- McDermid: famílias, pesquisadores, médicos, terapeutas e apoiadores.
Vamos comentar aqui algumas destas ações, não sem antes dar uma pequena ilustração sobre o que é PMS (como é citada a síndrome mundo afora, na sua sigla em inglês: Phelan-McDermid syndrome).
O diagnóstico é feito através da realização de exames genéticos. A síndrome de Phelan-McDermid (PMS) é uma condição genética rara causada por uma deleção ou variação da extremidade terminal do braço longo do cromossomo 22 na região 22q13, na maioria das vezes incluindo o gene SHANK3 ou uma mutação no próprio gene SHANK3. A variabilidade das consequências nas pessoas acometidas é grande e inclui diferentes sintomas clínicos, cursando com o transtorno global do neuro desenvolvimento e podendo também apresentar o TEA (Transtorno do Espectro do Autismo). Consulte o site: www.pmsf.org para conhecer e saber do suporte oferecido a famílias, pesquisadores, médicos e terapeutas.
‘Shine Green’, ilumine com o verde
Shine Green tem sido há alguns anos uma prática em vários países onde as famílias iluminam na cor verde suas casas e monumentos famosos ou não tão famosos assim de várias cidades também são iluminados em homenagem a PMS. É uma forma de chamar a atenção sobre a importância de se levar informação para as pessoas de dentro e fora da comunidade PMS.
Apenas como exemplo neste ano de 2021 o MAC Museu de Arte Contemporânea em Niterói, no Rio de Janeiro foi iluminado. Veja no Instagram do MAC como ficou lindo! A cada ano no Brasil temos a adesão de outros apoiadores. Acompanhe também no Instagram da Associação PMS no Brasil.
Webinar organizado pela cureSHANK: ‘accelerating life-transforming therapies’
Outra ação promovida foi o webinar que aconteceu em 21 de outubro organizado pela CureSHANK. Organização cujo propósito é acelerar o desenvolvimento de tratamentos para distúrbios relacionados ao SHANK. A cureSHANK busca identificar projetos e financiamento para projetos de desenvolvimento de medicação e coordenar esforços científicos para acelerar os avanços nesta área. Neste webinar, a diretoria apresentou o Comitê Científico da organização, formado por pesquisadores e profissionais com uma experiência sólida de atuação, assim como os projetos em andamento. Para conhecer, acesse www.cureshank.org
‘Run Like a Hero’
Este evento idealizado na Espanha, pela associação local das famílias tem envolvido vários países de uma forma muito alegre, saudável e cheia de energia: correr ou caminhar o seu percurso escolhido.
E por que correr conosco?
Esta corrida não é apenas calçar um par de tênis e sair correndo ou andando porta afora, é sobre fazer parte de uma comunidade. Juntar-se à semana global RUN LIKE HERO com a comunidade Phelan-McDermid e celebrar o Dia Internacional.
Com os fundos arrecadados, promovemos o avanço da pesquisa da síndrome de Phelan, apoiamos famílias e envolvemos a comunidade na conscientização e divulgação sobre a síndrome de Phelan-McDermid.
Corremos pela solidariedade, porque somos mais fortes juntos!
E por fim, ainda neste mês de Outubro a Associação Amigos e Familiares da Síndrome de Phelan McDermid no Brasil organizou o V Encontro anual com a participação das famílias, pesquisadores, médicos, terapeutas e apoiadores de PMS. O evento foi realizado em dois sábados – 2 e 9 de outubro. Foi uma oportunidade única de troca de experiências com palestras sobre genética, apresentação de estudos publicados sobre a síndrome, terapias que se aplicam no tratamento e muito mais. Algumas destas sessões/ palestras foram disponibilizadas. Consulte: www.pmsbrasil.org.br
São ações assim organizadas em diferentes lugares, com diferentes formatos que visam agregar as pessoas e melhorar a qualidade de vida daqueles com a síndrome de Phelan-Mcdermid e seus familiares. Participe e nos ajude a divulgar.
A autora
Claudia Spadoni é voluntária e representante regional da Fundação da Síndrome de Phelan-McDermid (PMSF).
Veja também
Não deixe de ler outros artigos nossos sobre a síndrome de Phelan-McDermid:
Como nasce uma ONG ou uma fundação? Podemos dizer, com quase 100% de acerto, que normalmente nasce de um propósito e muita determinação. Não foi diferente com Polly Appel, que criou a SHANK2 Foundation (numa tradução livre: “Fundação SHANK2”).
Norte-americana, com 57 anos e mãe de três meninos, ela mora em Miami com o marido e filho Jarret (de 25 anos), que tem um transtorno do neurodesenvolvimento associado a mutações genéticas no gene chamado SHANK2. Graduada e pós-graduada em administração pela Wharton School da University of Pennsylvania e pela Kellogg Graduate School of Management da Northwestern University, respectivamente, ela estudou no programa de Genética Humana no Sarah Lawrence College e fez mestrado em Serviço Social na Universidade de Columbia. Antes de cirar a fundação, ela foi voluntária na Kristi House, uma ONG que apóia crianças vítimas de abuso sexual e tráfico de pessoas, onde ela cuidou do planejamento estratégico da instituição e até hoje é membro do conselho de diretores de lá.
Conversei com ela por email e por videoconferência para saber um pouco mais sobre a SHANK2 Foundation e como os brasileiros podem contribuir para essa incrível iniciativa.
Portal da Tismoo — Qual sua ligação com o gene SHANK2?
Polly Appel — Por duas décadas, eu e minha família investigamos a causa de algumas questões de saúde do meu filho, como deficiência intelectual, deficiências motoras, grossa e fina, e características autísticas. Em 2017, finalmente descobrimos, por meio de exames genéticos, que Jarret tem três variantes genéticas no SHANK2. Duas delas ele herdou de mim. A terceira é uma mutação chamada “de novo” (uma alteração genética não herdada) ou herdada de meu marido, que pode ser um mosaico para essa variante genética especificamente.
Tismoo — E como surgiu a ideia de criar uma fundação?
Polly — No meio de 2020, um amigo me contou sobre uma fundação chamada CureSHANK. Falei com eles, pensando que eles estavam focados no SHANK2, mas descobri que eles apóiam principalmente famílias e pesquisadores do SHANK3 (outro gene). Mas um dos fundadores do CureSHANK me apresentou a vários cientistas pesquisadores do SHANK2 e a alguns pais de crianças afetadas por essa mutação. Meu parceiro na fundação foi um desses pais. Assim que começamos a conversar, percebemos a necessidade de um esforço unificado para apoiar a comunidade SHANK2 e decidimos criar uma base.
Tismoo — Mas qual é o objetivo exatamente da Fundação SHANK2?
Polly — Nosso objetivo é fornecer aos pesquisadores as informações necessárias para acelerar o desenvolvimento de tratamentos para transtornos do neurodesenvolvimento associados ao gene SHANK2. Além disso, estamos nos esforçando para aumentar a conscientização sobre os transtornos do neurodesenvolvimento associados ao SHANK2 e apoiar as famílias envolvidas.
Tismoo — Como está a fundação atualmente? O que já foi feito?
Polly — Meu marido e eu começamos a financiar estudos de modelos de camundongos no MIT (Massachusetts Institute of Technology), em 2018, antes da formação da fundação. O laboratório tem uma linha de camundongos com SHANK2 knockout (processo em que uma cópia do gene é removida), bem como camundongos com variantes genéticas iguais às do meu filho. As descobertas desses estudos terão amplas implicações para a pesquisa desse gene. Para coletar informações que serão usadas para identificar características comuns de indivíduos com transtornos do neurodesenvolvimento associados ao gene SHANK2 e estabelecer um banco de dados que seja acessível aos pesquisadores que estudam o gene SHANK2, a fundação criou um registro de pacientes e está financiando um estudo de fenotipagem, que está sendo conduzido pelo Mount Sinai School of Medicine, em Nova York. E, mais recentemente, nos juntamos à plataforma Function — criada pela empresa de biotecnologia Rarebase. Essa plataforma testa os efeitos de milhares de drogas aprovadas pelo FDA (Food and Drug Administration, agência que regula remédios e alimentos nos Estados Unidos) e compostos semelhantes a drogas na expressão gênica. Por meio da Function, esperamos identificar medicamentos potencialmente eficazes para os transtornos do neurodesenvolvimento associados ao SHANK2. Por último, também estamos avaliando uma proposta de uma instituição acadêmica de renome mundial para desenvolver linhas de IPSC (células-tronco pluripotentes induzidas, na sigla em inglês) e organelas para melhor compreender o papel que o gene SHANK2 desempenha na função cerebral humana.
Tismoo — Como as famílias no Brasil poderiam ajudar nessa sua iniciativa?
Polly — Em primeiro lugar, é muito importante que cada indivíduo identificado como tendo diagnóstico de um transtorno do neurodesenvolvimento associado ao gene SHANK2 seja inscrito no “Registro de Pacientes SHANK2”. Inscrever-se e registrar-se é fácil — no site www.shank2.org. Além disso, agora eu e meu parceiro, Ben, estamos administrando a fundação por conta própria, além da ajuda de uma mãe que auxilia em nosso esforço de mídia social. Sabemos que existem pacientes SHANK2 em todo o mundo e gostaríamos de ajudá-los e também de encontrar outros, para atingir os nossos objetivos. Isso é difícil para apenas duas pessoas realizarem, especialmente porque existem barreiras linguísticas que nos impedem de nos comunicarmos claramente com pesquisadores e famílias em todo o mundo. Se tivermos representantes da fundação em outros países que divulguem a fundação e atuem como elos entre as famílias, os pesquisadores e nós, isso certamente beneficiará nossa comunidade. Qualquer pessoa interessada em ajudar em nosso esforço internacional pode entrar em contato comigo, diretamente pelo email: polly@shank2.org.
Tismoo — O que você diria às pessoas e famílias que têm alguma síndrome rara ou alguma outra mutação genética rara? De acordo com a sua experiência, qual seria seu conselho?
Polly — Em primeiro lugar, eu diria que eles não deveriam tirar conclusões precipitadas. Embora criar uma criança com deficiência seja, certamente, desafiador e algo para o qual ninguém se prepara, pode ser extremamente gratificante. Meu filho tornou minha vida única e realizada, assim como a vida da minha família. Ele nos surpreendeu de muitas maneiras.
Em termos do que fazer, é crucial obter o máximo possível de informações sobre o transtorno e encontrar apoio em outras pessoas que estejam passando por uma experiência semelhante. Dito isso, pode ser um desafio para as famílias encontrar informações sobre doenças raras. Mesmo depois de obter um diagnóstico para nosso filho, havia muitas perguntas sem resposta. Havia muitas pesquisas sendo conduzidas, mas certamente pode ser difícil para um leigo interpretar. E não havia nenhuma comunidade que apoiasse as famílias e reunisse informações simples o suficiente para que os pais entendessem.
Portanto, se uma família recebe um diagnóstico, acho que o primeiro passo deve ser ver se há algum tipo de grupo de apoio às famílias a que possam recorrer. Caso contrário, eles podem precisar iniciar um movimento por conta própria. Eles não precisam necessariamente lançar uma fundação, mas talvez começar com um grupo no Facebook, por exemplo, para reunir pessoas. Também é imprescindível que a família busque a ajuda de um médico geneticista, que deve ter acesso a todas as informações disponíveis.
Annual Conference SHANK2 Day
A SHANK2 Foundation fará um evento gratuito no próximo dia 13.nov.2021, será a 1ª Conferência Anual SHANK2 Day, 100% em inglês, com a participação de renomados especialistas no assunto, médicos, engenheiros de biotecnologia e famílias, que farão breves apresentações, discussões em grupo, sessões de perguntas e respostas. Tudo acontecerá de forma virtual, online, das 13:00 às 17:00 horário de Brasília (11:00 às 15:00 no horário do leste dos EUA). O objetivo é reunir membros da comunidade SHANK2 e ampliar o entendimento sobre o cenário atual na área. Para fazer a inscrição grátis, acesse o site shank2.org/news-and-events/#SHANK2-day e um link será enviado para os emails cadastrados antes do evento.
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Versão em inglês
ENGLISH VERSION
Foundation encourages research and support to ‘SHANK2 families’
Brazilians are welcome to participate and, besides helping, getting support from this institution that intends to have global reach and boost scientific discoveries on the SHANK2 gene
Francisco Paiva Jr., from Tismoo Portal (Brazil)
How is a foundation or NGO born? We can say with almost 100% certainty, that they are usually born from a strong sense of purpose and a lot of determination. Not different with Polly Appel, who created SHANK2 Foundation.
American, 57 years old and mother of three boys, she lives in Miami with her husband and her son Jarret (25 years old), who has neurodevelopment disorders related to gene mutations on SHANK2. Holding undergraduate and graduate degrees in Management from Wharton School at the University of Pennsylvania and from Kellogg Graduate School of Management at Northwestern University, respectively, she studied Human Genetics at Sarah Lawrence College and holds a Masters degree in Social Work from Columbia University. Before launching the Foundation, she volunteered at Kristi House, an organization aimed at supporting kids victimized by sex abuse and human trafficking, where she took care of the institution’s strategic planning and still serves on the board of directors.
We talked through email and videoconference to know more about SHANK2 Foundation and how Brazilians can contribute to this amazing initiative.
Tismoo Portal — What is your link with the SHANK2 gene?
Polly Appel — My family had searched for the cause of my son’s intellectual disabilities, gross and fine motor deficiencies, and autistic tendencies for two decades. In 2017, we finally learned, through genetic testing, that Jarret has three SHANK2 variants. He inherited two from me. The other one is either de novo or inherited from my husband who may be mosaic for the variant. Tismoo — How did the idea of creating a foundation come up?
Polly — During the summer of 2020 my friend told me about a foundation called CureSHANK. I reached out to them, thinking that they were focused on SHANK2, but it turns out they mainly support SHANK3 families and researchers. But one of the CureSHANK founders introduced me to a number of SHANK2 researchers and a couple of parents of affected children. My partner in the foundation was one of those parents. As soon as we started talking we realized the need for a unified effort to support the SHANK2 community and we decided to create a foundation. Tismoo — What is SHANK2 Foundation’s goal?
Polly — Our goal is to provide researchers with the information needed to accelerate the development of treatments for SHANK2 disorders. Additionally, we are striving to raise awareness about SHANK2 disorders and support affected families. Tismoo — What is the current status of the foundation? I mean what you already have done, have reached?
Polly — My husband and I began funding mouse model studies at MIT in 2018, prior to the formation of the foundation. The lab has a line of SHANK2 knockout mice as well as mice with my son’s variants. The findings from these studies will have broad implications for SHANK2 research.
To collect information that will be used to identify common characteristics of individuals with SHANK2 disorders and establish a database that is accessible to researchers studying the SHANK2 gene, the foundation has created a patient registry and is funding a phenotyping study that is being conducted by Mount Sinai in New York. And we recently joined the Function platform created by the biotech firm, Rarebase. Function tests the effects of thousands of FDA-approved drugs and drug-like compounds on gene expression. Through Function we hope to identify potentially effective drugs for SHANK2 disorders.
We are also evaluating a proposal from a world-renowned academic institution to develop iPSC lines and organelles to better understand the role SHANK2 plays in human brain function.
Tismoo — How could families in Brazil help this initiative?
Polly — First and foremost, it is so important that every individual identified as having a SHANK2 disorder be enrolled in the SHANK2 Patient Registry. Signing up and registering is easy to do at http://www.shank2.org/. Also, right now my partner, Ben, and I are running the foundation on our own, aside from the help of one mother who assists in our social media effort. We know there are SHANK2 patients all over the world and we would like to help them as well as find others, in order to achieve our goals. This is difficult for just two people to accomplish, especially since there are language barriers that prevent us from clearly communicating with researchers and families worldwide. If we have representatives of the foundation in other countries who spread the word about the foundation and act as liaisons between the families and researchers and us, it would certainly benefit our community. Anyone interested in helping with our international effort may contact me directly at polly@shank2.org.
Tismoo — What would you say to people and families that have any rare syndrome or any other rare gene mutation? According to your experience, what should they do?
Polly — First, I would say that they should not jump to conclusions. While raising a child with disabilities is certainly challenging and something no one prepares for, it can be extremely rewarding. My son has made my life and that of my family members unique and fulfilling. He has surprised us in so many ways.
In terms of what to do, it is crucial to get as educated on the disorder as possible and find support in others who are having a similar experience. That being said, it can be challenging for families to find information on rare diseases. Even after getting a diagnosis for our son, there were so many unanswered questions. There was plenty of research being conducted, but that can certainly be hard for a layperson to interpret. And there was no community that supports families and gathers information that is simple enough for a parent to understand.
So if a family gets a diagnosis, I think the first step should be to see if there is some kind of family advocacy group they can turn to. If not, they may need to start a movement on their own. They don’t necessarily need to launch a foundation, but maybe start with a Facebook group to see who and what is out there. It is also imperative that the family seeks help from their geneticist who should have access to any information that is available.
Annual Conference SHANK2 Day
SAVE THE DATE! First Annual SHANK2 Day Conference: November 13, 2021 WHO: Renowned SHANK2 experts, clinicians, biotech engineers, and families WHAT: Short talks, group discussions, Q&A sessions — 100% in Engish WHERE: Virtual WHEN: 11:00am until 3:00pm Eastern Standard Time WHY: To bring together members of the SHANK2 community to better understand the current landscape of the field
Programa integrante do Papo de Mãe (UOL) mostra como a genética pode ser uma ferramenta poderosa para as pessoas com autismo
O programa Inclua Mundo, do Papo de Mãe (parceiro do UOL), desta semana teve como tema central a TISMOO e a medicina personalizada para o autismo e síndromes relacionadas. A apresentadora Thaissa Alvarenga mostra no programa, com reportagem de Julia Bandeira, os benefícios dos exames genéticos e ainda fala do aplicativo Tismoo.me.
Além de ouvir a empresa, o programa buscou referências de médicos e famílias de autistas que já fizeram o exame genético para contar sua experiência na prática, como a psicóloga Érica Resende Barbieri, que tem dois filhos autistas e, com um sequenciamento genético, descobriu uma síndrome rara na filha caçula. “Mudou a cobrança que a gente se fazia e até mesmo a cobrança para com minha filha, pois agora a gente compreende. Ela tem autismo sindrômico, mas tem também toda uma questão metabólica que é prejudicada e que precisamos respeitar ainda mais”, contou Érica, que criou o projeto “Autismo na Escola”, com intuito de levar conhecimento sobre autismo desde os primeiros anos escolares.
Papo de Mãe e Inclua Mundo
O Papo de Mãe foi criado em 2009, pelas jornalistas e amigas de infância, Mariana Kotscho e Roberta Manreza, inicialmente como um programa de TV e foi ao ar pela primeira vez pela TV Brasil, como um programa semanal, com uma hora de duração. Após passar pela TV Cultura, hoje, o Papo de Mãe é um site parceiro do UOL e está em todas as redes sociais, inclusive com vídeos no canal Papo de Mãe do Youtube.
A mãe e empreendedora Thaissa Alvarenga, que comanda o programa Inclua Mundo, também lidera a ONG Nosso Olhar com programas e parcerias que visam à disseminação de informação sobre síndrome de Down e inclusão. “A nossa história começou com a chegada do Chico, ele transformou o nosso mundo, o meu (mãe) e o do pai. A partir daí, temos trabalhado para transformar o mundo de outras pessoas. A ONG Nosso Olhar surgiu para compartilhar as nossas experiências, acolher e informar a sociedade sobre a síndrome de Down (Trissomia21) e outras deficiências”, narrou Thaissa.
Vídeo
Assista ao vídeo completo do programa a seguir (e tem muito mais assunto interessante no canal deles!).
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