Pesquisa analisou sequenciamento genético de mais de 35 mil autistas e elevou o número dos principais genes ligados ao TEA

Com base numa análise do sequenciamento genético de mais de 35.000 pessoas autistas e familiares, pesquisadores identificaram 102 genes como sendo os principais relacionados ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O número anterior, de 2015, era de 65 genes relevantes. Vale destacar que, se considerarmos todos os genes relacionados ao autismo, com todos os graus de importância, hoje (em 30.jan.2020), temos um total de 913 genes reportados, segundo o banco de dados da Simons Foundation, dos EUA — atualizado constantemente.

Muitos genes anteriormente incluídos na lista de 65, subiram no ranking de relevância com este estudo. O gene FOXP1, por exemplo, agora é um dos mais importantes para o autismo. O SYNGAP1 é outro exemplo, que tornou-se quase tão significativo quanto os dois principais genes ligados ao TEA, o CHD8 e o SCN2A. Outros genes, como SHANK3, ADNP, ASH1L, foram mantidos no grupo dos mais importantes.

Para o cientista Diogo Lovato, especialista em modelos genéticos do TEA, “é importante salientar que quanto maior o número de estudos publicados e de sequenciamento genético de pessoas autistas, mais possibilidades teremos de entender com maior  profundidade os mecanismos genéticos do TEA, como os genes interagem entre si e mais sobre a causa do autismo”, argumentou ele, que tem doutorado em biologia molecular e é geneticista molecular da Tismoo.

Como foi feito

O estudo foi feito juntando o trabalho anterior — com o sequenciamento completo do exoma de 15 mil autistas e seus familiares e que encontrou 65 genes principais, em 2015 — com o sequenciamento de mais 20 mil autistas e seus pais e irmãos.  Isso, por si só, aumentou o número dos principais genes de 65 para 79. Considerando somente autistas, o número total é de quase 12 mil pessoas diagnosticadas com TEA.

A equipe então usou o método estatístico chamado TADA (Transmission And “De novo” Association), que mede a herdabilidade, e o FDR (False Discovery Rate), que avalia falso-positivos. Ao final do estudo, o número dos principais genes relacionados ao autismo aumentou para 102. Cerca da metade deles também está associada a atrasos no desenvolvimento em geral e deficiência intelectual, e não somente ao autismo.

As novas descobertas são o resultado de análises cada vez mais sofisticadas de um número crescente de sequenciamento genético de pessoas com autismo, seus pais e irmãos. Os pesquisadores apresentaram a prévia destes resultados — na época, ainda não publicados — em 10 de maio de 2018, na reunião anual da International Society for Autism Research em Roterdã, na Holanda.

 

“Colaborações em larga escala que integram dados têm o potencial de contextualizar os resultados que estamos vendo”, disse ao site Spectrum News um dos líderes da pesquisa Stephan Sanders, professor-assistente de psiquiatria da Universidade da Califórnia, em São Francisco.

O estudo original completo pode ser acessado neste link.

Com artigo da Spectrum News, “Analysis of sequences pegs 102 top autism genes”.

Legislação determina que salas de cinema tenham ao menos uma sessão por mês com adaptações para pessoas com autismo

A partir de 15.abril.2020, todos os cinemas da cidade de São Paulo (SP) deverão oferecer pelo menos uma sessão mensal adaptada para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), de acordo com lei municipal sancionada dia 14.jan.2020 pelo prefeito da capital paulista: Lei 17.272/20. Nessas sessões, as luzes deverão estar levemente acesas, o som mais baixo e não poderá haver exibição de publicidades, como trailers e propagandas de marcas.

O texto da lei é de autoria do vereador Rinaldi Digilio. Em nota, o vereador disse que o projeto surgiu do relato de uma mãe que não conseguiu levar o filho autista para assistir ao blockbuster “Vingadores: Ultimato”. “Ela dizia que ele queria ver o filme, mas o escuro e o som alto incomodavam muito. As pessoas não compreendiam e reclamavam, então, ela decidiu não o levar”, afirmou. “São Paulo conta com um contingente estimado de quase 250 mil autistas, que não conseguem ir ao cinema, com exceção a projetos especiais. Uma política pública séria vai garantir esse acesso tão necessário para essas pessoas que já são tão excluídas”. Uma parceria do Cine Belas Artes e a ONG Super Mães Especiais levou o vereador para participar de uma sessão adaptada em 2019 e constatou, de perto, a importância da iniciativa. “Foram experiências incríveis, com medidas que exigem pouco investimento, mas que podem mudar vidas e garantir direitos. A política precisa pensar no futuro, e por isso deve pensar nas crianças,” comentou para o site da prefeitura de SP.

Sessão Azul

A ação de adaptar sessões para autistas não é novidade. Isso já acontece em vários cinemas e teatros do Brasil por meio da Sessão Azul, idealizada pelo gerente de projetos Leonardo Bittencourt Cardoso e pelas psicólogas Carolina Salviano de Figueiredo e Bruna Manta. A organização promove sessões adaptadas para autistas em capitais e outras cidades em diversos estados do Brasil (veja a programação).

Segundo a nova lei, as sessões deverão ser identificadas com o símbolo mundial do autista na entrada da sala de exibição. O estabelecimento que descumprir a lei receberá, primeiramente, uma advertência e, no caso de reincidência, uma multa de R$ 3 mil. Uma segunda reincidência resultará em nova multa, de R$ 10 mil, e, se for repetida, poderá levar à interdição do estabelecimento.

Com os 10 primeiros episódios da nova temporada disponíveis na Globoplay, a série já está com a 4ª temporada confirmada

Nesta segunda, 6 de janeiro (2019), estreou a terceira temporada da série The Good Doctor no Brasil, exibida pela Globoplay. Por enquanto, estão disponíveis apenas os dez primeiros episódios, como aconteceu com a segunda temporada. Nos Estados Unidos, a terceira temporada estreou dia 23 de setembro de 2019 e o décimo episódio foi exibido dia 2 de dezembro seguinte. A série volta a ser exibida na segunda-feira, 13 de janeiro de 2020, para os oito episódios restantes da temporada, no canal ABC. A Globoplay ainda não divulgou quando disponibilizará os demais episódios no Brasil.

Apesar de muito famosa, vale lembrar que a série conta a história de um jovem médico que tem autismo, Shaun Murphy (interpretado por Freddie Highmore), que começa a trabalhar em um grande e famoso hospital, o St. Bonaventure Hospital, em San Jose, na Califórnia (EUA). O jovem residente tem um grande talento diagnóstico — com memória fotográfica e uma lógica de pensar diferente dos demais.

Desde a sua estreia no Brasil, a produção já ganhou exibição em canais da TV aberta (na noites de quinta) e fechada (no canal GNT), além de um episódio especial de divulgação dentro do Tela Quente. Com esse sucesso de audiência, a série chegou a ser chamada por alguns de “o Chaves da Globo” por conta de suas repetidas exibições.

Spoiler

Com os residentes estão crescendo profissionalmente com a Doutora Audrey Lim (interpretado por Christina Chang), na nova temporada um dos médicos é escolhido para comandar a primeira cirurgia da carreira, o que causará diversas disputas internas. Enquanto isso, nosso protagonista Shaun Murphy se aprofunda no relacionamento com Carly (vivido por Jasika Nicole), assim como nos demais desafios que o médico autista deve continuar enfrentando para se tornar um cirurgião.

Se você quer spoilers do primeiro episódio desta nova temporada, vá para o parágrafo seguinte. A temporada começa com o encontro entre Shaun e Carly, num restaurante, que, segundo ele mesmo, “foi um desastre” — motivo do nome do episódio: “Desastre”. Quando ele conta sua saga no hospital, os colegas ficam muito interessados em saber o que houve, mas os detalhes vão sendo revelados aos poucos, ao longo do episódio, num vai-e-volta para o passado bem interessante. O difícil é assistir ao primeiro e conseguir conter-se para não fazer uma maratona de todos os episódios de uma vez.

4ª temporada

Uma curiosidade: na temporada anterior, o ator principal também dirigiu um dos episódios. Sim, Freddie Highmore foi o diretor do episódio número 33, o décimo-quinto da segunda temporada, chamado “Risco e Recompensa” (Risk and Reward).

Por fim, outra boa notícias para os fãs da série: a quarta temporada já está confirmada.

Vídeo

Assista ao trailer da terceira temporada:

Jovem, sueca e autista, Greta Thunberg lidera movimento global em favor do meio ambiente e contra as mudanças climáticas

Com apenas 16 anos, Greta Thunberg é a pessoa mais jovem a figurar na capa da renomada revista norte-americana Time como a personalidade do ano (o reconhecimento anual da revista foi criado em 1927). Ao lado de sua foto, na capa, a publicação estampa a frase: “O poder da juventude” (no orginal: The power of youth).

Tendo se encontrado com diversas personalidades, como o papa Francisco e o ex-presidente dos EUA Barak Obama (a convite deles), Greta se destacou mundialmente ao iniciar uma greve escolar, toda sexta-feira, contra as mudanças climáticas, para chamar a atenção das autoridades, em agosto de 2018, chamado de Fridays for Future (sexta-feiras pelo futuro). O movimento, em pouco tempo, tornou-se global e ela foi chamada a participar de diversas conferências climáticas, inclusive na ONU (Organização das Nações Unidas) — mais de uma vez. No último 20 de setembro (2019), a garota ativista reuniu uma multidão de 4 milhões de pessoas na greve climática global, “a maior demonstração climática da história da humanidade”, cita a Time.

A edição de dezembro/2019 traz como destaque a rede social exclusiva para o autismo

Em evidência na capa da edição número 7 da Revista Autismo, com lançamento em 1º de dezembro de 2019, a nova rede social exclusiva para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é o assunto da reportagem de capa da publicação nacional. Em cinco páginas, a publicação explica o que será a Tismoo.me e mostra, com exclusividade, telas do protótipo do aplicativo. 

Grande ênfase foi dada aos aspectos de segurança e privacidade, pois tratam-se de dados extremamente sensíveis, como os de saúde e, em muitos casos, de crianças. A possibilidade de ligar e desligar o compartilhamento de dados, que ficarão locais no celular de cada um, é um dos principais recursos que garantem a confiabilidade no serviço.

Houve um cadastro (já encerrado) para os primeiro interessados, que receberão convite para acessar a rede assim que for lançada — prevista para o primeiro trimestre semestre de 2020 (leia mais neste artigo). Atualmente há um formulário para uma lista de espera, para a segunda fase de convites. Para cadastrar-se, basta acessar o site tismoo.me e preencher o cadastro com seus dados básicos.

Para assinar a Revista Autismo — que é gratuita — pagando somente o frete, acesse Assine.RevistaAutismo.com.br.

Conteúdo

Confira abaixo o início da reportagem publicada:

Um dos pilares do diagnóstico de autismo é o déficit na comunicação social, em algum nível. Mas parece que não são apenas as pessoas com autismo que têm esse déficit. Os grupos que formam o ecossistema envolvendo o autismo parecem não se comunicar de forma eficaz — entre si e uns com os outros. Falo de familiares, médicos, terapeutas, educadores, escolas, cientistas, universidades, indústria farmacêutica, clínicas, hospitais, planos de saúde, e por aí vai.

Ícone da Tismoo.me - a rede social dedicada ao autismo.

Uma plataforma digital, porém, está vindo com a proposta de resolver esse problema: a Tismoo.me. É um projeto ambicioso e audacioso — a ser lançado no Brasil e Estados Unidos — que pretende unir, por meio de uma rede social, os públicos ligados ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), sejam profissionais, pessoas com autismo ou seus familiares. E gratuitamente.

Mais que isso, a ideia da plataforma é entregar conteúdo de qualidade para os diferentes participantes, como um artigo sobre comunicação alternativa para quem tem filho não verbal, ou um estudo sobre genética e fármacos a um médico, assim como dicas de empregabilidade a uma pessoa jovem ou adulta com autismo. Enfim, saber identificar o perfil de cada um e poder oferecer informação relevante e personalizada, além de conteúdo com curadoria.

>> Baixe a versão digital (PDF) da edição número 7 da Revista Autismo

[Atualizado em 17/02/2020 com o lançamento para o 1º semestre de 2020]

[Atualizada em 21/08/2020 com o logo da Tismoo.me]

Revista da editora Abril destaca o trabalho dos sócios fundadores da Tismoo, Alysson Muotri e Patrícia Beltrão Braga

Numa reportagem bem completa, a revista Superinteressante (editora Abril), em sua edição de dezembro de 2019 (nº 410), destaca, na capa, a complexidade do autismo e a importância da genética para entender o transtorno.

Genética do autismo na capa da Superinteressante — TismooCitando dois sócios fundadores da Tismoo — a professora da USP e coordenadora do projeto A Fada do Dente, Patrícia Beltrão Braga, e o professor da Universidade da Califórnia em San Diego, Califórnia (EUA) Alysson Muotri —, o texto de doze páginas, intitulado “O quebra-cabeça do autismo”, traz os números atuais das pesquisas e informações a respeito de diversos estudos científicos, inclusive destacando o mais recente sobre genética, que sugerem o número de 97% a 99% de risco genético para o autismo — e somente 1% a 3% de riscos ambientais —, sendo 81% hereditário. (leia nosso artigo sobre este estudo)

A reportagem de capa cita ainda o uso de minicérebros para pesquisas a respeito do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e o estudo sobre os astrócitos (células do cérebro cujo formato lembra uma estrela) também terem uma parcela de participação na expressão desta condição de saúde. O sequenciamento genético também mereceu destaque por parte da revista, como uma investigação mais aprofundada no diagnóstico de comorbidades (leia nosso artigo sobre a “segunda camada” do diagnóstico) e também no auxílio para a “escolha de medicamentos que sejam mais eficazes em determinadas pessoas”, um dos pilares da medicina personalizada.

Fica a dica: vale ler!

Anúncio da nova plataforma voltada ao autismo será em dezembro, em duas cidades da Califórnia

Com dois eventos agendados nos Estados Unidos, a Tismoo.me, nova rede social voltada para o autismo, fará seu anúncio na América do Norte no início de dezembro próximo. Como a iniciativa é global, o aplicativo será lançado em dois idiomas — português e inglês — e será direcionado ao Brasil e EUA, dois dos cinco países do mundo que mais utilizam redes sociais.

Ícone da Tismoo.me - a rede social dedicada ao autismo.Gratuitos, ambos os eventos serão na Califórnia. O primeiro será em San Diego, no dia 5 de dezembro, organizado pela ATPF (Autism Tree Project Foundation), organização não-governamental local que atende famílias afetadas pelo autismo naquela região. O evento, todo em inglês e direcionado à comunidade norte-americana, será na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), com apresentações do neurocientista Alysson Muotri, um dos sócios cofundadores da Tismoo, e do head de conteúdo, Francisco Paiva Junior, que lidera o projeto da rede social do autismo.

O segundo será no Consulado Geral do Brasil em Los Angeles, na manhã do próximo 7 de dezembro. Todo em português, o evento “Juntos somos mais fortes” reunirá a comunidade brasileira que vive na Califórnia. Além dos dois palestrantes da Tismoo do evento de San Diego, Muotri e Paiva, outros nomes ligados ao autismo também se apresentarão no consulado brasileiro.

Quem quiser se inscrever para o evento de Los Angeles (em português), basta acessar o site autismolosangeles.com.

Para o evento (em inglês), em San Diego, envie email para RebeccaB@autismtreeproject.org ou ligue para a ATPF, no número +1 (619) 222-4465 (EUA).

Quem ainda não sabe o que é a Tismoo.me ou quer se inscrever na lista de espera para acessar a plataforma quando for lançada, acesse: tismoo.me ou acesso nosso artigo “Lançamento 2020! Rede social Tismoo.me“.

Caxias do Sul sediou evento que sugere ação local para empregar pessoas com autismo nas empresas da cidade

Uma ideia a ser copiada. O Instituto UniTEA, de Caxias do Sul (RS), realizou evento “TEAtualizar” na noite desta quinta-feira, 7 de novembro de 2019, enfatizando a importância de empregar pessoas com autismo. Mais que isso, lançaram a ideia de unir diversas empresas da cidade para um treinamento em conjunto a fim de empregar 15 autistas em Caxias do Sul. O treinamento seria local e feito pela Specialisterne, empresa dinamarquesa especialista em preparar autistas para o mercado de trabalho, com presença no Brasil desde 2015.

O evento iniciou com o relato de experiências positivas com autistas empregados. A primeira foi a Inbetta, indústria com mais de 50 milhões de produtos diferentes no mercado. Com 2.600 funcionários, 114 são pessoas com deficiência (PcD) — sendo 63 com deficiências intelectual ou psicossociais —, destes, 4 são autistas.

O segundo caso de sucesso foi relatado pela SAP, que tem uma unidade próxima de lá, em São Leopoldo (RS). Com o programa “Autism at Work”, iniciado em 2013 e dedicado a empregar autistas, a iniciativa se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil em 2015. Hoje o programa existe em 13 países. São 3.500 pessoas com deficiência na SAP, sendo 155 autistas. No Brasil, 14 autistas, de um total de aproximadamente 2.100 funcionários no país.

Treinamento

Para incrementar os casos positivos de inclusão de autistas, o diretor geral da Specialisterne Brasil, Marcelo Vitoriano, veio contar como a empresa já treinou mais de 140 pessoas com autismo no país, estando 102 empregados, nos 4 anos de atuação no Brasil. Marcelo trouxe números importantes neste cenário: “um estudo revelou que 85% dos autistas não estão empregados nos EUA” e “pesquisa na Inglaterra sugere que autistas de alto funcionamento têm 3 vezes mais dificuldade de conseguir emprego do que autistas com alguma deficiência intelectual”. Ele mostrou ainda o quanto a empresa ganha ao contratar uma pessoa com autismo, ainda mais quando tanto o candidato quanto a empresa são treinados para que essa inclusão seja efetiva. “Normalmente as empresa começam contratando para cumprir a cota de PcD, depois veem o valor da pessoa com autismo e nos procuram para contratar mais, pela eficiência, na maioria das vezes”, relatou Marcelo.

Proposta

Por último, Daniel Ely, do Instituto UniTEA, apresentou a ideia a ser proposta para a cidade: reunir um grupo de empresas para trazer um treinamento local de três meses da Specialisterne em Caxias do Sul e criar, inicialmente, ao menos 15 vagas para autistas na cidade.

Uma proposta de união de forças que qualquer cidade, ou mesmo microrregiões poderiam fazer,  para levar à inclusão efetiva da pessoa com autismo no mercado de trabalho. Uma ideia, sem dúvida, a ser copiada por qualquer cidade.

Sobre o UniTEA

O movimento “UniTEA — Unidos pelo Autismo”, foi fundado em 28.mar.2018 pelo casal Raquel e Daniel Ely com o propósito de cuidar de quem cuida e de promover o diálogo entre todos os envolvidos no cotidiano de pessoas com TEA. A sede do Instituto foi inaugurada em 2 de abril de 2019 e já tem outros 4 programas disponíveis às 80 famílias associadas: TEAcolher — grupos de apoio para familiares mediados por psicólogos e assistentes sociais voluntários;  TEAmparar — atendimento com profissionais de saúde voluntários; TEApoiar — descontos em clínicas parceiras; e TEAtualizar — cursos, palestras e seminários de capacitação para toda a rede de apoio e suporte ao autista.

Livro conta as origens do autismo no período nazista e o envolvimento de Hans Asperger

Em “Crianças de Asperger”, historiadora revela que, ao contrário do que se acreditava, o médico foi cúmplice dos assassinatos de 5 e 10 mil crianças durante o regime nazista

Apesar de toda sua história ligada ao autismo, uma grave (e grande) mancha foi descoberta na história de Hans Asperger. Relevante o suficiente para muitos não usarem mais o termo “Asperger” para a síndrome que leva seu nome, ainda mais considerando que esse tipo de diagnóstico não existe mais desde 2013, com o lançamento do DSM-5 — a quinta versão do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, da American Psychiatric Association, principal organização profissional de psiquiatras e estudantes de psiquiatria nos Estados Unidos —, em que a síndrome foi incluída no diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Este é o assunto do livro “Crianças de Asperger” (322 páginas), da premiada historiadora norte-americana Edith Sheffer, especialista em história da Alemanha e da Europa Central, e senior fellow do Instituto de Estudos Europeus da Universidade da Califórnia, Berkeley. O livro tem tradução de  Alessandra Bonrruquer e foi lançado no Brasil neste mês. “Asperger’s Children: The Origins of Autism in Nazi Vienna“, a versão original (em inglês), foi lançada nos Estados em abril de 2018. (veja nosso artigo de 2018 a respeito)

Descrito como um progressista que incentivava o cuidado individualizado em crianças com “sintomas de psicopatia de autismo”, Hans Asperger entrou para a história da psiquiatria ao ampliar os critérios de definição desta condição de saúde e modificar a face do autismo na década de 90. Porém, a partir de novas análises de documentos, a autora revela em seu livro informações sobre a atuação do médico, mostrando que o pesquisador pioneiro no estudo da síndrome esteve envolvido nas políticas de assassinato de crianças no período nazista.

Eutanásia infantil

De acordo com Sheffer, “arquivos revelam que Asperger participou do sistema de assassinato infantil em múltiplos níveis: ele era próximo de líderes do sistema de eutanásia infantil em Viena e, como membro do Estado nazista, enviou dezenas de crianças para a instituição infantil de Spiegelgrund, onde eram mortas”.

Ela mostra que Asperger e seus colegas de fato se esforçaram em proporcionar cuidado individualizado para estimular o crescimento cognitivo e emocional de crianças que estariam na ponta “favorável” do espectro do autismo e tinham potencial para a “integração social”. Por outro lado, as crianças julgadas por apresentarem deficiências maiores não tinham lugar no Reich, sendo pessoalmente examinadas pelos médicos e condenadas à morte.

“Crianças de Asperger” fala sobre todas as crianças que enfrentaram o regime diagnóstico do Terceiro Reich e tiveram suas vidas determinadas pelo julgamento que psiquiatras nazistas faziam de suas mentes. A obra nos leva a repensar como as sociedades avaliam, rotulam e tratam os indivíduos diagnosticados com algum tipo de deficiência.

Livro conta as origens do autismo no período nazista e o envolvimento de Hans Asperger — TismooTrecho do livro

“Onde se pode traçar a linha da cumplicidade para pessoas comuns e um Estado criminoso? De maneiras marginais e importantes, conscientes e inconscientes, as pessoas se enredaram nos sistemas da chacina. Asperger não foi nem zeloso apoiador e nem oponente do regime. Foi um exemplo desse deslocamento para a cumplicidade, fez parte da confusa maioria da população que alternadamente se conformou, concordou, temeu, normalizou, minimizou, reprimiu e se reconciliou com o governo nazista. Dadas essas inconsistências, é ainda mais impressionante que as ações acumuladas de milhões de pessoas, agindo por razões individuais em circunstâncias individuais, tenham resultado em um regime tão completamente monstruoso”.

Medida começou num aeroporto da Inglaterra e tem se espalhado pelo mundo para beneficiar pessoas com deficiências invisíveis

Provavelmente você já deve ter visto nas redes sociais, nos últimos meses, uma história de um colar de girassóis para pessoas com deficiências invisíveis (condições de saúde não facilmente perceptíveis pelos que estão ao redor). Sim, a história é verídica. E não deixa de ser uma boa ideia para priorizar o atendimento dessas pessoas, inclusive autistas.

Entre essas “deficiências invisíveis”, o autismo, sem dúvida alguma, está entre os destaques e que, muitas vezes, o atendimento prioritário pode evitar enormes transtornos a todos que estejam usando o colar verde com girassóis em um amarelo bem vivo. Outras condições de saúde também se beneficiam, como pessoas com dores crônicas, com asma e outras “silenciosas” condições.

O post de maior repercussão, foi o de Kim Baker, de agosto de 2019, que mostra uma foto sua usando o cordão, ao lado do filho (autista) e do marido, numa viagem que passou pelo aeroporto de Málaga-Costa del Sol (Espanha). Na postagem do Facebook, que tem mais de 330 mil compartilhamentos, a mãe inglesa publica o link de onde pode-se conseguir o colar, no Hidden Disabilities Sunflower Lanyards Scheme (que tem um site vendendo o produto).

Os funcionários dos aeroportos que adotaram os “girassóis” ajudam os passageiros com algumas flexibilidades, como: dão-lhes mais tempo para se prepararem para verificações de segurança e embarque, deixam membros da famílias os acompanharem o tempo todo, são mais claros e específicos ao darem instruções e explicam detalhes o que podem esperar ao viajar e nos procedimentos do aeroporto.

O que é o colar de girassóis? — Tismoo

Aeroportos

O aeroporto Heathrow, em Londres (Inglaterra), o mais movimentado da Europa em número de passageiros, adotou a medida e tem até mesmo uma página na internet para quem tiver viagem planejada para passar por lá poder solicitar com antecipação ou pegar no local o cordão gratuitamente. Mas tudo começou com uma ação em 2016, no Gatwick, o segundo maior aeroporto de Londres, que, com imensa empatia, resolveu melhorar o atendimento a pessoas com condições de saúde invisíveis. A ideia era poder reconhecer com mais facilidade quem precisaria de mais suporte ou simplesmente mais compreensão — o Gatwick tem, além do site, até mesmo um email especial para estes casos (HiddenDisability@gatwickairport.com). 

Com o tempo, os maiores aeroportos de todo o Reino Unido adotaram a mesma prática, que, felizmente, está começando a se espalhar para outros países. No aeroporto de Manchester (também na Inglaterra) foi criada, inclusive, uma sala exclusiva para essas pessoas, a Sunflower Room.

O assunto foi também tema de reportagem da BBC de Londres.