Surpresa ou planejada, a chegada de um filho muda a vida dos pais antes mesmo do nascimento. Durante nove meses, criam-se planos para aquele novo ser. Esse é um processo de criação de laços da família que está nascendo — ou crescendo. A escalada de expectativas segue até que os pais percebem que a criança não é como o filho do amigo, do vizinho, do colega de trabalho. Aquele elemento importante da sua história, gerado e cuidado com tanto amor, está saindo fora do roteiro.

É iniciado o ciclo interminável de consultas, em busca de explicações para o comportamento da criança. “Autismo”. Como você se sentiu quando recebeu o diagnóstico? Para alguns pais, o sentimento é de alívio. Alívio por finalmente chegar a uma resposta depois de uma exaustiva busca. Para outros, a sensação é de perda. Aquele filho imaginário não existe mais e é preciso abandonar o enredo que você sonhou para ele. O próximo estágio dessa jornada é a aceitação. É como se voltasse a fita e os pais reaprendessem a ser pais. É preciso aprender a se comunicar, a disciplinar, a alimentar. A rotina entre pais e filhos é um pouco diferente quando o autismo está presente.

Com a adaptação da família, começa a buscam os melhores profissionais, tratamentos e novidades que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida do filho. Alguns pais se tornam verdadeiros especialistas no assunto e participam ativamente de seminários e grupos de estudo. Aquele projeto de vida que você idealizou pode ter mudado, mas existem inúmeras possibilidades e momentos de alegria a serem descobertos. Cada evolução, cada risada, cada abraço, tudo é comemorado e vivenciado com intensidade. E isso é um trabalho para a vida inteira — e merece todo o respeito e admiração.

O homem é o único animal capaz de se adaptar e viver em cenários opostos: do calor de um deserto as geleiras do ártico. Os neurônios são os responsáveis por essa habilidade — conseguimos aprender com a experiência e fazer conexões cerebrais para compreender o mundo a nossa volta. Um defeito na rede que transmite essa cadeia de informações pode comprometer o desenvolvimento de uma pessoa. Em 1999, a pesquisadora libanesa Huda Zoghbi descobriu uma mutação no gene MECP2. Esse defeito, localizado no cromossomo X, é a origem da síndrome de Rett. A condição já havia sido observada e descrita pelo médico austríaco Andreas Rett no final da década de 1950.

A síndrome, que na maioria dos casos não é hereditária, começa a apresentar sintomas clínicos visíveis por volta de um ano de idade — quando passamos por uma estruturação significativa no nosso cérebro. Ao contrário do que se pode pensar, a mutação não é exclusiva do sexo feminino. MENINOS têm apenas uma cópia do cromossomo X, que faz par com o Y. Essa condição faz com que as crianças do sexo masculino desenvolvam uma versão da síndrome muito mais grave. É raro que sobrevivam além dos dois anos de idade. Meninas possuem dois cromossomos X, o que as tornam mais resistentes a síndrome. Quando um dos cromossomos X tem a mutação, o outro costuma contrabalançar o problema. Registros mostram que mulheres com Rett podem viver até os 60 ou 70 anos.

Até um ano, a criança tem habilidades neuromotoras normais. A partir dessa idade, os pais começam a perceber os efeitos mais visíveis da síndrome, como o retrocesso no desenvolvimento: palavras já conhecidas não são mais pronunciadas, há dificuldade em executar alguns movimentos, forte introspecção e recorrentes momentos de nervosismo e irritação. Outro aspecto comum é a movimentação das mãos de forma estereotipada — torcer os dedos, bater as mãos, leva-las à boca, esfrega-las repetidamente. O desenvolvimento mental também é comprometido e cerca de 80% das pacientes apresentam quadros de convulsão. É fundamental que haja acompanhamento de uma equipe médica multidisciplinar para trabalhar da melhor forma cada uma dessas limitações.

Em 2007, o grupo de pesquisadores escoceses chefiado por Adrian Bird teve sucesso em reverter os sintomas da síndrome de Rett em camundongos. Eles conseguiram bloquear quimicamente a parte do gene MECP2 nos animais que tinham a mutação. Apesar de ainda não ser um conhecimento aplicável a seres humanos, esse feito é significativo para sinalizar grandes descobertas. Em 2010, o pesquisador brasileiro radicado nos Estados Unidos, Dr. Alysson Muotri, que é parte da Tismoo, conseguiu reproduzir a reversão genética da síndrome usando neurônios humanos a partir de células reprogramas de pacientes. Além disso, o grupo de Muotri conseguiu fazer a reversão atrave’s de tratamentos farmacológicos, abrindo-se a perspectiva de uso de neurônios humanos como ferramenta para teste de novos medicamentos. Com a evolução do conhecimento genético, um dia a medicina será capaz de atuar diretamente na causa, em vez de combater e atenuar os sintomas. Cada avanço nas pesquisas é uma semente de esperança plantada para colhermos soluções no futuro.

Marcela sabe tudo sobre astronomia. Desde criança, tinha fascínio em observar as estrelas e ler sobre os planetas. Aos 12 anos, já devorava livros científicos e sabia de cor nomes complicados de constelações. Ela poderia passar horas a fio observando o céu e se dedicando a estudar os corpos celestes. Com o passar dos anos, os pais da garota começaram a se preocupar — Marcela não tinha amigos. Mesmo em família, evitava situações sociais e tinha dificuldades de se comunicar. Não conseguia desenvolver conversas informais em festinhas da escola e era um pouco desajeitada. Seus pais a levaram ao médico quando a garota passou a ter com frequência episódios epiléticos. Marcela possui a Síndrome de Asperger, uma forma de autismo.

A pessoa que tem Asperger geralmente sofre com ansiedade e seu diagnóstico costuma ser tardio. O desenvolvimento da fala, um dos traços que marcam o autismo, acontece normalmente. Apesar disso, alguns podem falar em tons monótonos ou alto demais. Geralmente também não há retardo na leitura e aprendizado. Pelo contrário, crianças com Asperger tendem a ser muito inteligentes, algumas até autodidatas. A memória dessas pessoas é usualmente muito aguçada, o que faz com que elas lembrem de datas e fatos com precisão — mesmo que eles não tenham importância. Também é comum que desenvolvam interesses específicos e se aprofundem no tema.

O grande diferencial da síndrome é no aspecto social. Eles evitam olhar nos olhos e tem problemas para se relacionar. É comum ver pessoas com Asperger travando diálogos extensos onde só elas falam ou cujo interlocutor não demonstra nenhum interesse. Elas têm dificuldade de relacionar expressões faciais a sentimentos e perceber que sua fala causou algum tipo de “desconforto” no outro. Se colocar no lugar de outra pessoa é uma dificuldade, por exemplo. A linguagem costuma ser pomposa e complicada, ainda que não a domine totalmente.

Por se tratar de sintomas facilmente confundidos com outros problemas de saúde, os exames genéticos podem facilitar o diagnóstico. Com o tratamento adequado e acompanhamento médico, quem possui Asperger pode ter uma vida longa e “normal”. Inclusive usando traços da síndrome, como sua inteligência, de forma positiva.

Ao escutar as palavras “sequenciamento genético”, um filme de ficção científica começa a rodar na cabeça de muitas pessoas. Na realidade, o exame é uma prática segura e muito útil no estudo de transtornos neurológicos. Nosso corpo é como um livro, formado por milhões de letras. O sequenciamento genético faz a leitura desse livro a partir de materiais orgânicos como, a polpa do dente, um fio de cabelo ou uma amostra de sangue. Com o resultado, é possível identificar quais letras estão fora de ordem ­ ou seja, os genes defeituosos que causam o problema.

O sequenciamento genético termina aí. Toda essa informação é enviada aos médicos para que eles façam as recomendações de tratamento. O cientista não pode mudar os genes pesquisados ­ o nome disso é manipulação genética, uma prática não permitida pelo conselho de ética internacional. Então, na prática, como o sequenciamento genético pode ajudar?

Algumas mutações são conhecidas pelos cientistas, que sabem como reverter o processo com o uso de medicações ou suplementos. Isso quer dizer que o problema genético continua existindo, mas é bloqueado ou atenuado com a ajuda de remédios. Como a ciência só tem conhecimento de uma pequena parte do nosso DNA (mas as pequisas seguem a todo vapor), muitas mutações ainda não tem “solução”. No entanto, há inúmeros casos de pacientes que apresentaram melhoras consideráveis, ou até mesmo completas, quando dão a sorte de terem um problema já conhecido e que os médicos tem condições de “reverter”. E isso não é motivo para desesperança.

Com os olhos da comunidade científica voltados para o assunto, novas descobertas ampliam a cada dia as possibilidades de tratamento. A Tismoo, por exemplo, desenvolveu um sistema que atua como um radar de novidades científicas. Depois que um paciente faz o sequenciamento genético, o software busca diariamente novas informações que tenham a ver com as suas mutações. Se interessou? Vamos conversar!

Na última semana, começamos a jornada pela evolução no entendimento do autismo. Os 70 anos que separam 1908 e 1978 foram significativos para que a condição fosse reconhecida e descrita. Outro marco importante foi a admissão do papel da genética como uma das causas principais. Hoje seguimos essa trajetória a partir da década de 80. Veja os principais marcos da comunidade científica em relação ao autismo até hoje:

Novo tipo de transtorno ­- na década de 80 aumentaram vertiginosamente os trabalhos científicos sobre o autismo. Chegou­-se a conclusão que a condição afetava diversas áreas do cérebro, impactando o desenvolvimento de múltiplas funções. Isso fez com que ele fosse classificado pela comunidade médica como uma nova classe de transtornos, os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TIDs).

Lorna Wing -­ A psiquiatra inglesa é um dos nomes mais importantes na história dos estudos sobre autismo. Estudando o assunto desde os anos 1970, ela desenvolveu a ideia do autismo como espectro, se manifestando em condições e graus variados. Mãe de uma criança autista, ela defendeu uma nova visão social para os autistas e suas famílias e fundou a National Autistic Society (NAS) no Reino Unido.

Terapia comportamental ­- um estudo publicado em 1988 pelo psicólogo americano Ivar Lovaas revoluciona o tratamento do autismo. Um grupo de 19 crianças autistas, entre 4 e 5 anos de idade, passou por 40 horas de terapia comportamental. Depois de dois anos, elas apresentaram um aumento de 20 pontos no quociente de inteligência (QI). Um grupo de controle que não havia passado pelas sessões de terapia não apresentaram nenhuma melhora.

Vacina -­ Em 1998, a revista Lancet publicou um artigo afirmando que algumas vacinas, como a contra rubéola e sarampo, causariam autismo. A hipótese foi comprovadamente errada por mais de 20 estudos e a publicação precisou se retratar. A polêmica terminou com a cassação do registro médico do cientista inglês Andrew Wakefield.

2 de abril ­- em 2007 a ONU institui a data como Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A ação tem impacto global e chama a atenção da sociedade para o autismo e discute propostas para inclusão.

TEA -­ O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), que guia a comunidade médica e científica, passa a agrupar todos os subtipos do autismo dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e passa a incluir a Síndrome de Asperger.

Recorrência -­ O relatório publicado em 2014 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) traz a tona números reveladores. Segundo o estudo, 1 a cada 59 crianças nos Estados Unidos seriam autistas. Estima-­se que o transtorno atinja 1% da população mundial, ou seja, 70 milhões de pessoas. No Brasil, o número fica em torno de 2 milhões.

Minicérebros – ­ a tecnologia proposta pela Tismoo promete revolucionar a forma com o autismo é tratado. A partir da simulação do cérebro do indivíduo em laboratório, é possível testar medicações e acompanhar os efeitos de forma customizada.

O autismo percorreu uma longa estrada ­ e o caminho ainda é longo. Com o esforço coletivo de instituições, cientistas e sociedade, a Tismoo acredita que novas descobertas podem ampliar nossos conhecimentos. Agora que você conhece melhor o assunto, que tal assinar nossa newsletter para não perder nenhuma atualização?

(Atualizado em abril/2018 com novos números do CDC)

Em algum momento da sua vida, você deve ter tido uma dor de cabeça. É possível que você tenha tomado o mesmo remédio que sua tia, que sofre de enxaqueca crônica. Também é provável que alguém do seu prédio, também tomou o medicamento quando torceu o pé. O que tem de errado nesse cenário fictício? Três pessoas diferentes, com problemas diferentes, foram receitadas a tomar a mesma coisa. Hoje, boa parte dos medicamentos são usados para fins diferentes daqueles para os quais foram desenvolvidos. Existe um motivo para isso, vários, na verdade.

Você sabia que, para desenvolver um medicamento, os pesquisadores partem em média de 10 mil fórmulas? Cerca de dez anos e 2 bilhões de dólares depois, o estudo conduz a uma única droga, que é liberada pelos órgãos do governo responsável pela liberação de medicamentos no mercado. Ou seja, é preciso muito investimento de tempo e dinheiro para chegar à formula vencedora. É como atingir uma mosca com um arco e flecha. Outro ponto importante é entender que para algumas condições de saúde, o diagnóstico é uma jornada — que pode ser longa e tortuosa. Muitas vezes essa conclusão passa por critérios subjetivos, que podem ser mal avaliados ou mal explicados ao médico.

Qual a solução? A resposta não está distante. A medicina personalizada é uma verdadeira revolução científica. Não é possível estimar em quanto tempo será uma realidade para todos, mas a ciência aponta para esse destino. Quando chegarmos lá, será possível entender qual o problema específico de um paciente, mas a história não para por aí. Com essa informação em mãos, o médico poderá atacar o “vilão” de forma certeira, minimizando o risco de efeitos colaterais indesejados. Sabendo exatamente onde está a fragilidade de saúde de uma pessoa, será desenhado um tratamento individualizado, levando em consideração todas as particularidades daquele paciente. Isso significa que as pessoas não precisarão mais “jogar na loteria” em assuntos de saúde, ou seja, experimentar medicamentos e acompanhar a evolução do quadro — correndo o risco de ter outras complicações vindas de efeitos colaterais.

Esse “conto de fadas” já é, em partes, real. O sequenciamento genético é o exame que dá início a esse processo. É como se o médico passasse a ter uma lupa para investigar o DNA do paciente, conseguindo identificar a origem genética de determinada condição ou doença. Com o “endereço” do problema, fica mais fácil que ele mande seu recado, usando os remédios certos, nas doses precisas. Há clínicas de nutrição desenhando dietas de acordo com as respostas fisiológicas individuais e a análise da composição genética, por exemplo. Nesse primeiro momento, como toda nova tecnologia, o custo é mais alto. No entanto, com sua disseminação e com o tempo, ela vai se tornar mais acessível. A Tismoo acredita na medicina personalizada e está trabalhando para torná-la inclusiva. Vamos conversar?

Como boa parte das questões que são relacionadas às “desordens” do comportamento, durante muito tempo o autista foi marginalizado ou colocado na “caixa” das doenças psiquiátricas. Graças ao desenvolvimento dos estudos sobre o assunto, hoje o autismo é tratado com mais sensibilidade, por médicos, pais, familiares e pela sociedade, que no fim, são pessoas como você e eu. Se ainda não descobrimos todas as chaves dos mistérios genéticos por trás dos transtornos do espectro, precisamos reconhecer que já demos grandes passos em relação a forma de enxergar o autista. Gostaríamos de te apresentar alguns momentos importantes nessa história. Essa visão ampliada, certamente, aumentará seu entendimento sobre o tema e a sua evolução ao longo dessa história.

O termo “autismo”

A palavra foi usada pela primeira vez em 1908, quando o psiquiatra suíço Eugen Bleuler estudava um grupo de pessoas com sintomas ligados à esquizofrenia. Segundo suas anotações, a palavra foi originada na etmologia grega “autos”, que significa “eu”.

Dificuldades emocionais

Em 1943, o psiquiatra austríaco Leo Kanner usou a palavra autista para descrever o comportamento de indivíduos com distúrbios emocionais. Ele os descreveu como indiferentes a outras pessoas, emocionalmente frios, distanciado e retraídos. No entanto, nos últimos anos essas dificuldades emocionais foram consideradas apenas uma parte dos déficits sociais envolvidos no autismo.

Asperger

A síndrome foi descrita em 1944, pelo pesquisador austríaco Hans Asperger. Ele observou um grupo de crianças, majoritariamente meninos, que tinham dificuldade de fazer amizades, apresentavam baixa empatia e descoordenação motora. Chamou a atenção do psiquiatra a capacidade dessas crianças de conversar detalhadamente sobre temas específicos, o que o levou a chama-las de “pequenos professores”.

Culpabilidade dos pais

Até os anos 60, o autismo não era diagnosticado separadamente, mas como um subgrupo da esquizofrenia infantil. Durante a década de 50, era forte a linha que associava a questão à falta de emotividade dos pais — a teoria da “mãe geladeira”.

Genética

No início da década de 60, a biologia e a genética passam a serem percebidas como os principais fatores causais do autismo. Diversas pesquisas evidenciam que o autismo é um transtorno presente desde a infância e que está presente em diversos países, etnias e grupos sociais. A atribuição do autismo ao distanciamento materno é completamente abandonada.

Descrição dos comportamentos

Em 1978 o psiquiatra britânico Michael Rutter classifica o autismo com base em quatro comportamentos-base: desvio social; problemas de comunicação; movimentos repetitivos; surgimento dos sintomas antes de 3 anos de idade.

A evolução do entendimento do autismo não para por aí. Ficou curioso com os próximos desdobramentos? Continue conosco nessa jornada, na próxima semana.

Encontrar um livro com o qual você se identifica é como tomar um café com um amigo. É se sentir abraçado por um enredo ou instigado a compreender mais sobre um tema. Então, que tal aproveitar o tempo frio e passar um tempo na companhia de um bom livro? O autismo é um assunto com vasta literatura. Além de publicações técnicas, com abordagem científica, há romances e biografias que podem jogar luz em diversos pontos que intrigam quem convive com esta condição de algum membro na família. Selecionamos quatro obras que trazem olhares interessantes sobre o autismo:

1) O que me faz pular — Naoki Higashida

Ninguém melhor para falar sobre autismo do que alguém que vive essa realidade. Aos 13 anos, o japonês Naoki Higashida mostra com leveza o ponto de vista de um autista sobre situações cotidianas. Além de crônicas, o jovem autor responde a diversas questões que estão sempre presentes para quem convive com um autista. Desde as motivações por trás dos movimentos repetitivos passando pelos laços sociais e a necessidade de planejamento na rotina.

2) Memórias de um amigo imaginário — Matthew Dicks

Narrado por Budo, amigo imaginário de Max, o livro conta como o garoto se apoia na sua imaginação para lidar com dificuldades típicas de uma criança autista: isolamento social, comportamentos sistemáticos, aversão ao toque e dificuldade de se conectar com o mundo à sua volta. Apesar de não haver a menção clara de que Max é autista, suas características podem ser relacionadas ao transtorno. A narrativa é sensível e se apoia na ideia de que a diferença é só mais um jeito de ser.

3) O estranho caso do cachorro morto — Mark Haddon

Traduzido em mais de 15 idiomas, o livro tem como protagonista um jovem com síndrome de Asperger. Depois de ser injustamente acusado de ter matado o cachorro da vizinha, o personagem principal inicia uma saga para descobrir o que de fato aconteceu. Construído de forma inteligente e divertida, a obra toca em pontos clássicos relacionados ao transtorno.

4) Passarinha — Kathryn Erskine

A síndrome de Aspeger também é um dos traços definidores desse livro. Depois de perder uma pessoa querida, a protagonista começa uma jornada de redescobrimento de significados. Se antes o mundo era definido em duas oposições claras (claro e escuro, bom e ruim), a jovem começa a compreender que a vida é feita de nuances. A autora descreve com sensibilidade essa virada da personagem, que aprende a desconstruir diversos comportamentos clássicos do seu transtorno.

5) Nascido em um dia azul — Daniel Tammet

O livro autobiográfico de Daniel Tammet contrapõe seu presente bem sucedido como professor e celebridade de um programa de televisão britânico, com uma infância difícil de isolamento. É interessante acompanhar como o autor superou as barreiras sociais do autismo — sem perder sua identidade, respeitando suas limitações e valorizando seus talentos.

Encontrar um livro com o qual você se identifica é como tomar um café com um amigo. É se sentir abraçado por um enredo ou instigado a compreender mais sobre um tema. Então, que tal aproveitar o tempo frio e passar um tempo na companhia de um bom livro? O autismo é um assunto com vasta literatura. Além de publicações técnicas, com abordagem científica, há romances e biografias que podem jogar luz em diversos pontos que intrigam quem convive com esta condição de algum membro na família. Selecionamos quatro obras que trazem olhares interessantes sobre o autismo:

1) O que me faz pular — Naoki Higashida

Ninguém melhor para falar sobre autismo do que alguém que vive essa realidade. Aos 13 anos, o japonês Naoki Higashida mostra com leveza o ponto de vista de um autista sobre situações cotidianas. Além de crônicas, o jovem autor responde a diversas questões que estão sempre presentes para quem convive com um autista. Desde as motivações por trás dos movimentos repetitivos passando pelos laços sociais e a necessidade de planejamento na rotina.

2) Memórias de um amigo imaginário — Matthew Dicks

Narrado por Budo, amigo imaginário de Max, o livro conta como o garoto se apoia na sua imaginação para lidar com dificuldades típicas de uma criança autista: isolamento social, comportamentos sistemáticos, aversão ao toque e dificuldade de se conectar com o mundo à sua volta. Apesar de não haver a menção clara de que Max é autista, suas características podem ser relacionadas ao transtorno. A narrativa é sensível e se apoia na ideia de que a diferença é só mais um jeito de ser.

3) O estranho caso do cachorro morto — Mark Haddon

Traduzido em mais de 15 idiomas, o livro tem como protagonista um jovem com síndrome de Asperger. Depois de ser injustamente acusado de ter matado o cachorro da vizinha, o personagem principal inicia uma saga para descobrir o que de fato aconteceu. Construído de forma inteligente e divertida, a obra toca em pontos clássicos relacionados ao transtorno.

4) Passarinha — Kathryn Erskine

A síndrome de Aspeger também é um dos traços definidores desse livro. Depois de perder uma pessoa querida, a protagonista começa uma jornada de redescobrimento de significados. Se antes o mundo era definido em duas oposições claras (claro e escuro, bom e ruim), a jovem começa a compreender que a vida é feita de nuances. A autora descreve com sensibilidade essa virada da personagem, que aprende a desconstruir diversos comportamentos clássicos do seu transtorno.

5) Nascido em um dia azul — Daniel Tammet

O livro autobiográfico de Daniel Tammet contrapõe seu presente bem sucedido como professor e celebridade de um programa de televisão britânico, com uma infância difícil de isolamento. É interessante acompanhar como o autor superou as barreiras sociais do autismo — sem perder sua identidade, respeitando suas limitações e valorizando seus talentos.

Quatro letras: A, T, C, G. Três bilhões de combinações entre elas formam o DNA de uma pessoa. Como cada ser humano é único, essa sequência não se repete — mesmo gêmeos idênticos são geneticamente diferentes. Se os transtornos do espectro autista têm grande parte de sua origem em mutações genéticas, descobrir onde estão as falhas no genoma de indivíduos autistas é uma estrada longa e promissora para a ciência. Por quê? Algumas doenças são causadas por uma mutação específica, ou seja, depois de mapeado esse pedacinho específico do DNA que causa o problema, o diagnóstico é conclusivo. No caso do autismo, algumas centenas de DNA já foram registradas como causadores do transtorno. E os pesquisadores estimam que esse número possa chegar à casa dos milhares. Isso explica porque os autistas são tão diferentes entre si — essa variedade nas mutações, combinada a fatores externos, se manifesta de diversas formas.

Alguns projetos ao redor do mundo, como o Aut10K, se dedicam a construir uma base de dados com as informações genéticas de famílias afetadas pelo autismo. Em parceria com o Google, o instituto Autism Speaks está sequenciando o genoma de 10 mil pessoas. Esse é um grande passo para a ciência porque com o Google Cloud será possível não apenas armazenar a informação (o DNA de uma pessoa equivale ao espaço de 50 filmes em alta definição em um computador ou 100 gigabytes), como também compartilhar esses dados com outros pesquisadores.

E tudo isso sem perder de vista a privacidade das famílias, os cientistas usam um sistema de anonimato para proteger a identidade dos participantes. Dessa forma, crescem os registros das mutações relacionadas ao autismo para que a comunidade científica use em diagnósticos e pesquisas.

A bioinformática está mudando a forma dos cientistas entenderem o autismo. Usando o big data — grande sistema que cruza informações — é possível criar algoritmos que não apenas indicam as mutações conhecidas, mas também fazer previsões de onde aquelas ainda não descobertas podem estar. Cada pessoa sequenciada em projetos como esse são como grãos de areia em uma praia. O conjunto delas dá a ciência informações que podem fazer a diferença na forma como o autismo é entendido e tratado. Quer fazer o seu? Entre em contato com a Tismoo.