Meltdown no Autismo: Entendendo os Colapsos Nervosos

Uma das manifestações mais intensas e desafiadoras para pessoas no espectro autista são os episódios conhecidos como “meltdowns”. São respostas involuntárias a uma sobrecarga sensorial ou emocional extrema.

O termo “meltdown” pode ser entendido como um colapso nervoso e é caracterizado por uma explosão de emoções que a pessoa com autismo não consegue controlar. Reflete a sensação de “derretimento emocional” e a incapacidade de controlar impulsos e emoções.Durante um meltdown, podem ocorrer gritos, choro, agitação e até comportamentos agressivos. É importante entender que essas reações são mecanismos de defesa diante de um estresse intenso e não uma escolha consciente da pessoa.

Os meltdowns são frequentemente desencadeados por um acúmulo de estímulos que ultrapassam a capacidade de processamento do indivíduo. Isso pode incluir luzes intensas, sons altos, multidões ou mudanças inesperadas na rotina. Para pessoas no espectro autista, esses estímulos podem ser avassaladores, levando a uma sensação de perda de controle e desespero.

É crucial para pais, cuidadores e educadores reconhecer os sinais de um meltdown e criar um ambiente que minimize os riscos e estímulos. Isso pode envolver estratégias como espaços tranquilos, redução de ruídos e iluminação suave, além de uma comunicação clara e apoio emocional.

Entender e respeitar as necessidades de pessoas com autismo durante esses episódios é fundamental para proporcionar apoio adequado e promover seu bem-estar. A conscientização e a educação sobre o autismo são passos importantes para construir uma sociedade mais inclusiva e empática.

 

Referências:

  • INSTITUTO TEA. Shutdown e Meltdown no TEA: o que significa? Disponível em: Shutdown e Meltdown no TEA: o que significa? – Instituto TEA Acesso em 14 de Agosto de 2024
  • AUTISMO E REALIDADE. Meltdown: colapso nervoso em pessoas com autismo. Disponível em: Meltdown: colapso nervoso em pessoas com autismo – Autismo e Realidade Acesso em 14 de Agosto de 2024

Pessoas autistas podem experimentar alterações de humor de forma mais intensa ou diferente de indivíduos neurotípicos, e isso pode ser um desafio tanto para elas quanto para aqueles que as cercam.

Entender as alterações de humor em pessoas autistas é crucial para oferecer o apoio adequado. É um mito que pessoas com autismo não têm emoções ou que têm uma gama limitada delas. Na verdade, elas sentem uma grande quantidade de emoções, mas podem ter dificuldade em expressá-las ou em lidar com situações que provocam mudanças emocionais. Por exemplo, situações de estresse ou mudanças inesperadas na rotina podem desencadear respostas emocionais intensas.

O que fazer durante uma crise?

As crises sempre são momentos angustiantes para os cuidadores e para o autista. É um momento de desregulação emocional, quando o autista não consegue se acalmar, o que pode se apresentar como:

  • Choro constante;
  • Comportamento agressivo (chutar, xingar ou tentar machucar pessoas ao redor);
  • Autolesão (se morder, puxar cabelos ou bater em si mesmo);
  • Jogar objetos ou quebrar coisas propositalmente.

Nesse momento, é comum sentir-se irritado e frustrado, mas para passar pelo momento de crise é importante respirar fundo e manter a calma. Veja abaixo orientações sobre o que fazer:

  • Não grite de volta! Isso vai fazer com que o estresse aumente e não vai resolver a crise. Na verdade, pode piorar e aumentar a duração dela.
  • Tente diminuir os estímulos do ambiente. Se estiver em um local com muito barulho e pessoas, procure um local mais calmo para contornar a crise. Isso não irá resolver a crise de imediato, mas vai ajudar a dissipar a crise enquanto você dá espaço para a pessoa se acalmar.
  • Priorize a segurança! A autolesão e o comportamento agressivo são comuns durante as crises. Por isso, às vezes, é necessário segurar a pessoa para que ela não machuque a si mesma ou outras pessoas.
  • Não leve para o lado pessoal: É importante lembrar que as expressões emocionais intensas não são dirigidas pessoalmente a quem está por perto, mas são uma manifestação da dificuldade em gerenciar emoções.
  • Utilizar a distração: Redirecionar a atenção para atividades ou interesses que sejam do agrado da pessoa autista pode ajudar a aliviar o estresse e a melhorar o humor.
  • Espelhar emoções: Refletir e validar as emoções da pessoa autista pode ajudá-la a se sentir compreendida e apoiada.

    É também importante lembrar que o autismo pode coexistir com outros transtornos, como o Transtorno Bipolar, o que pode complicar o diagnóstico e o manejo das alterações de humor. Nesses casos, uma avaliação profissional e um plano de cuidados personalizado são fundamentais para abordar adequadamente tanto o autismo quanto quaisquer outras comorbidades.

A compreensão e o apoio contínuo são vitais para ajudar pessoas autistas a navegar por suas emoções de maneira saudável. Com estratégias adequadas e um ambiente compreensivo, é possível melhorar a qualidade de vida e promover o bem-estar emocional.

 

Referências:

  • INSTITUTO NEURO SABER. Como lidar com as alterações de humor no TEA. Disponível em: https://institutoneurosaber.com.br/como-lidar-com-as-alteracoes-de-humor-no-tea/ Acesso em 13 de Agosto de 2024
  • DEBORAH KERCHES: Transtorno de Humor Bipolar e Transtorno do Espectro Autista. Disponível em: https://dradeborahkerches.com.br/transtorno-de-humor-bipolar-e-transtorno-do-espectro-autista/ Acesso em 13 de Agosto de 2024
  • ASSOCIAÇÃO SABESP. “A nossa vida com o Autismo”. O que fazer em caso de surto/crise? Disponível em: https://www.associacaosabesp.com.br/headline/autismo-o-que-fazer-caso-surto Acesso em 13 de Agosto de 2024

O que é?

O termo “burnout” vem do inglês com a tradução literal de “queimar-se”, mas com a intenção de traduzir o esgotamento extremo da pessoa, como se chegasse ao limite de suas forças e cansaço. O termo em si não é um transtorno citado pelo DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais) sendo considerado uma “doença do trabalho”, visto que no princípio ele descrevia o excesso de trabalho e atividades como sua causa. Hoje, no entanto, já se entende que as causas para o burnout vão além do acúmulo de atividades e também incluem o luto, demissões, términos de relacionamentos ou qualquer evento que provoque um grande estresse prolongado na vida da pessoa. No entanto, para uma pessoa autista as razões que levam ao esgotamento podem ser mais variadas e diretamente ligadas às dificuldades vividas, algumas das razões podem ser:

  • Tentar mascarar traços do autismo (masking) constantemente, como fingir não ser autista ou se esforçar muito para não agir como autista;
  • Dificuldade ou frustração por não atingir metas ou expectativas da família, trabalho, escola, faculdade etc;
    Estresse por ter de conviver em ambientes não acolhedores a pessoas autistas, como lugares com muitos estímulos sonoros e/ou visuais;
  • Mudanças na vida, como, mudar-se de casa ou trabalho, ter de frequentar novos ambientes ou mesmo a mudança de trocar a rotina da escola pelo trabalho ou faculdade;

    Pessoas autistas também mencionam dificuldades para conseguir suporte ou acolhimento, como:

  • Ter suas dificuldades diminuídas quando tentam descrever o burnout, como por exemplo, ouvir que todos passam por essa experiência e eles só precisam se esforçar mais, ou que estão exagerando;
  • Dificuldades em exercer limites ou se autopreservar como dizer não a alguém, não conseguir se retirar de um ambiente nocivo, não conseguir pedir ajuda quando necessário;
  • Falta recursos e suporte, como medidas socioeconômicas criadas para prestar suporte aos autistas.

Como os sintomas de burnout podem se apresentar no autismo?

  • Esgotamento físico e mental constantes, mesmo que descansando, parece não conseguir repor suas energias;
  • Irritabilidade, crises de humor mais constantes;
  • Dificuldades em manter-se funcional, como exercer tarefas de rotina diárias, controle de estresse, tolerância, desorganização, pensamentos confusos e estados dissociativos;
  • Perda de habilidades já desenvolvidas como habilidades sociais ou de autocuidado;
  • Maior dificuldades em processar estímulos (mais que o habitual);
  • Afastar- se de seus relacionamentos, se isolar;
  • Perda de interesse em seus hobbies ou atividades queridas.

O burnout no TEA com o tempo pode acabar resultando no desenvolvimento da depressão. Com o acompanhamento adequado, com psicoterapias e medicamentos, a depressão tende a diminuir à medida que está sendo tratada.
O acolhimento da pessoa autista, assim como o entendimento de suas dificuldades e desafios diários é essencial para a sua recuperação e melhora.

 

Referências

  • CANAL AUTISMO: ‘Burnout’ no autismo. Disponível em: https://www.canalautismo.com.br/artigos/burnout-no-autismo/ Acesso em 12 de Agosto de 2024.
  • INSTITUTO INCLUSÃO: Entenda o que é burnout autista. Disponível em: https://institutoinclusaobrasil.com.br/entenda-o-que-e-burnout-autista/ Acesso em 12 de Agosto de 2024.
  • NATIONAL AUTISTIC SOCIETY: Understanding autistic burnout. Disponível em: https://www.autism.org.uk/advice-and-guidance/professional-practice/autistic-burnout Acesso em 12 de Agosto de 2024.
  • PSYCHOLOGY TODAY: What Is Autistic Burnout?. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/us/blog/beyond-mental-health/202312/what-is-autistic-burnout Acesso em 12 de Agosto de 2024.

Uma das questões que frequentemente acompanham o TEA é o transtorno de ansiedade, que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos autistas e de suas famílias.

A ansiedade no contexto do autismo pode ser particularmente desafiadora devido às características intrínsecas do TEA, como dificuldades de comunicação e processamento sensorial. Estudos indicam que a prevalência de ansiedade em indivíduos com TEA é considerável, variando entre 11% a 84%. Essa variação ampla reflete a complexidade do diagnóstico de ansiedade em pessoas com autismo, pois os sintomas podem se sobrepor ou ser confundidos com as manifestações do próprio TEA.

Sintomas Comuns de Ansiedade no TEA:

– Preocupação excessiva ou medo sem uma causa aparente;
– Evitar situações ou lugares que possam desencadear ansiedade;
– Agitação física, como movimentos repetitivos ou nervosismo;
– Comportamento agressivo como resposta ao estresse ou medo;
– Sensibilidade sensorial aumentada, resultando em reações exageradas a estímulos como luzes ou sons;

Causas da Ansiedade no TEA:

– Dificuldades no processamento de informações sensoriais;
– Desafios nas interações sociais e na comunicação;
– Mudanças inesperadas na rotina ou no ambiente;
– Dificuldade em expressar emoções ou necessidades;
– Atividades ou situações que nunca foram vivenciadas anteriormente;
– Ambientes agitados, com muitas pessoas, luzes e sons altos.

Abordagens para o Manejo da Ansiedade no TEA:

– Terapias comportamentais e cognitivas adaptadas para o TEA;
– Intervenções focadas no desenvolvimento de habilidades sociais e de comunicação;
– Estratégias para o manejo do estresse e da sensibilidade sensorial no momento em que ocorrem as crises;
– Suporte e educação para famílias e cuidadores.

É crucial que os profissionais de saúde estejam atentos aos sinais de ansiedade em pessoas com TEA e que ofereçam estratégias de apoio adequadas. Além disso, é importante promover a conscientização sobre a ansiedade no TEA, para que indivíduos e famílias possam buscar ajuda.

Referências:

A depressão é um transtorno de humor caracterizado pelos sentimentos persistentes de tristeza, falta de esperança e perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e o isolamento social. Ela pode causar sintomas físicos e emocionais, como fadiga, mudanças no apetite e problemas de concentração. A depressão não afeta apenas o estado emocional, mas também pode impactar profundamente a qualidade de vida e o bem-estar geral, uma vez que seus prejuízos se estendem por todas as áreas da vida do indivíduo.
Com estudos e pesquisas mais recentes, sabemos que pessoas dentro do espectro estão mais vulneráveis à depressão e suicidio que indivíduos não autistas, as principais razões para o desenvolvimento da depressão no TEA incluem:

Dificuldades de Comunicação

As dificuldades em expressar sentimentos e necessidades pode levar o indivíduo a sentir-se incompreendido e frustrado. Essa dificuldade contribui não somente para o sentimento de frustração, mas também para o isolamento social deste indivíduo.

Isolamento Social

O isolamento social surge tanto como uma consequência de déficits na comunicação e interação social como também é fruto de um ambiente pouco acolhedor às necessidades e dificuldades desse indivíduo. Com o isolamento social, o autista passa a experienciar o sentimento de solidão. Fator de risco conhecido para a depressão.

Sensibilidade Sensorial e Estresse

A sensibilidade sensorial está fortemente ligada às dificuldades de adaptação e estresse ambiental, sendo responsável por alterações de humor e crises de sobrecarga, tornando o convívio social mais difícil. Esse fator, aumenta a vulnerabilidade, uma vez que torna o isolamento social mais presente na rotina do autista.

Comorbidades

Indivíduos com autismo frequentemente apresentam outras condições de saúde associadas, como transtornos de humor, ansiedade, TOC e TDAH, o que aumenta os riscos para a depressão.

 

Referências:

  • CANAL AUTISMO: Autismo e suicídio. Disponível em: Autismo e suicídio – Canal Autismo – – Acesso em 30 de Julho de 2024
  • AUTISMO E REALIDADE: Depressão e suicídio no autismo. Disponível em: Depressão e suicídio no autismo – Autismo e Realidade Acesso em 30 de Julho de 2024
  • Bandeira, Gabriela.. Retratos do Autismo no Brasil 2023, Revista Autismo, São Paulo, 2024, ano x. n. 23, p. 32-35, dez.2023.
  • TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. Depressão: causas, sintomas, tratamentos, diagnóstico e prevenção. Disponível em: Depressão: causas, sintomas, tratamentos, diagnóstico e prevenção — Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (tjdft.jus.br) Acesso em 30 de Julho de 2024
  • FIOCRUZ. Estudo aponta que taxas de suicídio e autolesões aumentam no Brasil. Disponível em: Estudo aponta que taxas de suicídio e autolesões aumentam no Brasil (fiocruz.br) Acesso em 30 de Julho de 2024

Quando a medicação é necessária no tratamento do autismo

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que não existe medicação própria para o autismo e nem para “curar o autismo”. O tratamento com fármacos no TEA surge da necessidade de tratar as comorbidades presentes no transtorno e controlar sintomas específicos como agressividade, impulsividade e irritabilidade. 

A decisão de usar medicamentos no tratamento do autismo deve ser baseada nas necessidades individuais de cada pessoa com TEA, lembrando que os medicamentos não tratam diretamente os sintomas centrais do autismo, como as dificuldades de interação social e déficits na comunicação.

A escolha de iniciar um tratamento medicamentoso deve ser feita em conjunto com profissionais de saúde especializados, como neurologistas e psiquiatras, que avaliarão a criança ou adulto com TEA. A família também desempenha um papel crucial nesse processo, trabalhando em parceria com os médicos para definir as melhores intervenções.

A medicação é mais eficaz quando combinada com outras terapias, como fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia. Portanto, os medicamentos são frequentemente usados como um complemento para outras estratégias de tratamento, e não como uma solução isolada.

Em resumo, a medicação pode ser uma parte valiosa do tratamento do autismo quando bem indicada e monitorada. Ela pode ajudar a melhorar sintomas que limitam a capacidade de uma pessoa com TEA de participar plenamente da vida diária e alcançar seu potencial máximo. 

Referências

O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado pelos déficits na comunicação e interação social, com o comportamento restrito e inflexível, padrões repetitivos de comportamento e repertório de interesses e atividades limitados. 

A identificação dos traços do TEA logo nos primeiros anos de vida é fundamental para iniciar as intervenções com tratamentos precocemente, apoio educacional específico e melhor desenvolvimento das habilidades de comunicação e socialização. Entretanto, estes traços de comportamento atípico podem passar despercebidos nos primeiros anos de vida, levando a maiores prejuízos na vida do indivíduo, este é o caso de autistas diagnosticados tardiamente em sua adolescência e vida adulta.

Sintomas de autismo em adultos:

  • Dificuldade para fazer amizades, se conectar ou se aproximar de pessoas;
  • Rotina inflexível; 
  • Dificuldade em compreender linguagem não verbal, como expressões faciais, gestos ou sinais;
  • Dificuldades em compreender ironias, metáforas ou mensagens com duplo sentido;
  • Dificuldade para compreender comportamentos e sentimentos alheios, como identificar que um colega está ansioso, triste ou cansado;
  • Interesses restritos, como só se interessar por alguns assuntos, é comum que sejam repetitivos enquanto aos tópicos de seu interesse (hiperfoco); 
  • Dificuldades para expressar ou compreender sentimentos, necessidades e vontades; 
  • Estereotipias: Balançar os braços, pernas, dedilhar objetos;
  • Baixa tolerância a ambientes lotados ou sons e barulhos;
  • Rotina rígida e inflexível, tendo dificuldades em aceitar mudanças podendo ficar mais estressado ou deprimido;
  • Dificuldade para demonstrar ou receber afeto.

 

Tendo em vista que os sinais do autismo na fase adulta são diferentes da infância, muitos adultos acabam buscando ajuda pelas dificuldades de interação social, visto que os prejuízos cognitivos passaram despercebidos por boa parte da vida. 

A intervenção na fase adulta é essencial para tratar os prejuízos no desenvolvimento social e melhorar a qualidade de vida desta pessoa.

Referências: 

A obesidade é um crescente problema de saúde global. No Brasil, a crise da obesidade vem aumentando gradativamente. Estima-se que uma a cada quatro pessoas acima dos 18 anos estejam obesas, totalizando 41,2 milhões de brasileiros. E embora a obesidade seja um problema para a população mundial, alguns estudos apontam que indivíduos dentro do espectro autista apresentam maior prevalência em números de obesidade e ganho excessivo de peso comparados com a população neurotípica. 

Alguns dos principais fatores contribuintes são:

  • problemas de comunicação e interação social (torna-se desafiador participar de certos exercícios ou atividades físicas como esportes coletivos); 
  • uso de medicações (algumas têm como efeito colateral o ganho de peso);
  • repertório alimentar restrito e extremamente seletivo; 
  • comorbidades (depressão, ansiedade etc);
  • distúrbios metabólicos; 
  • ambiente familiar (hábitos e  forma como a família lida com os alimentos);
  • pouco conhecimento nutricional; 
  • falta de exercícios ou atividades em geral;
  • comportamento repetitivo ou restrito; 
  • compulsão alimentar. 

Ainda no âmbito das dificuldades enfrentadas na busca de tratamentos, ainda existe a falta de profissionais que saibam lidar com TEA para montar quadros de alimentação e exercícios adequados para a pessoa autista, tornando o processo de tratamento da obesidade no TEA mais difícil..

Tratamento da obesidade no autismo

 O combate da obesidade em pessoas neurodivergentes  depende principalmente da mudança do estilo de vida para uma alimentação mais saudável e uma rotina mais ativa de exercícios, assim como o tratamento de uma pessoa típica. No entanto, o tratamento da obesidade no TEA requer métodos e práticas diferentes. Alguns dos principais problemas relacionados à alimentação estão ligados ao comportamento repetitivo, inflexibilidade cognitiva (dificuldade para aceitar mudanças), seletividade alimentar (repertório alimentar restrito, com poucos alimentos aceitos) e a falta de rotina com a alimentação.

Para seguir com o tratamento da obesidade, é necessário levar em consideração as particularidades que o autista traz consigo. Isso significa trabalhar com as dificuldades alimentares e motoras para que a mudança de estilo de vida seja possível. 

Passos importantes para o tratamento:

Prática de atividades físicas: 

A prática de atividades físicas por meio de brincadeiras ou esportes traz diversos benefícios para a pessoa autista para além do auxílio na perda de peso, a prática auxilia a melhora do desenvolvimento das habilidades motoras, interação social, comunicação, redução das estereotipias e a melhora da qualidade do sono.

Mudanças nos hábitos alimentares: 

A mudança de alimentos é um grande desafio quando enfrentamos a seletividade alimentar, portanto, é interessante que a mudança seja feita aos poucos com a oferta de alimentos diferentes e mais saudáveis, e até mesmo de substituições de alimentos já consumidos, como por exemplo, trocar o suco em pó pelo natural, oferecer chips de batata caseira, Danone sem açúcar, etc. É importante não desistir de oferecer esses alimentos. 

Aumento da ingestão de líquidos ao longo do dia:

Atente-se a quantidade de água consumida, ela é responsável por regular o funcionamento do nosso corpo e também está ligada a nossa fome. Mantenha uma garrafinha com água fresca por perto, ofereça sucos naturais (sem adição de açúcar), experimente oferecer água saborizada para aumentar a ingestão.

Qualidade do sono: 

O sono é um dos pilares da nossa saúde física e mental, e desempenha um papel essencial na qualidade de vida de pessoas autistas, uma vez que, com o sono desregulado será mais difícil seguir com as terapias e tratamentos necessários, assim como, o aumento do estresse irá dificultar a aceitação de qualquer mudança feita na rotina. 

Referências

  • REVISTA USP: Tratamento clínico da obesidade. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/download/381/382/756 Acesso em 11/01/2024
  • BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE: Obesidade. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/obesidade-18/#:~:text=A%20obesidade%20%C3%A9%20determinada%20pelo,abaixo%20ou%20acima%20do%20desejado.&text=O%20resultado%20de%2027%2C10,do%20peso%20desejado%20(sobrepeso). Acesso em 12/01/2024
  • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ: Tratamento da obesidade. Diponível em: https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/centro-especializado/obesidade-e-diabetes/tratamento-da-obesidade/ Acesso em 15/01/2024
  • HOSPITAL SIRIO LIBANES: Como é o tratamento para obesidade? | Hospital Sírio-Libanês https://hospitalsiriolibanes.org.br/blog/endocrinologia/como-e-o-tratamento-para-obesidade Acesso em 15/01/2024
  • PEPSIC. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1519-03072020000200006 Acesso em 15/01/2024
  • NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE: Obesity in Children with Autism Spectrum Disorders. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4105159/ Acesso em 15/01/2024

A comunicação está entre as principais dificuldades enfrentadas por pessoas dentro do espectro. Sendo assim, as técnicas de comunicação alternativas (CAA) surgem como um conjunto de ferramentas e técnicas pensadas para atender as necessidades do autista não verbal ou com a comunicação limitada. 

O Sistema de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) é uma abordagem feita a partir de um sistema de símbolos, imagens, palavras escritas ou gestos que a pessoa pode usar para se comunicar com o auxílio de pranchas de comunicação, quadros ou aplicativos. 

As técnicas de comunicação alternativa permitem que a pessoa autista consiga expressar suas necessidades e desejos, melhorando sua qualidade de vida, assim como, facilita a interação social e o desenvolvimento cognitivo e emocional enquanto permite que a pessoa autista encontre formas de se comunicar, compreender e absorver o mundo. 

Formas de comunicação alternativa

Existem várias formas de CAA que podem ser adaptadas às necessidades individuais de cada pessoa com autismo:

  1. Sistema de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)

O CAA é uma das formas de comunicação alternativas mais conhecidas, feita para auxiliar a comunicação de autistas que não utilizam a linguagem oral. Este sistema é construído a partir de um conjunto de diversas ferramentas, incluindo símbolos, imagens, palavras escritas e até gestos que a pessoa pode utilizar para se comunicar. 

Alguns exemplos dessas ferramentas incluem: 

Tismoo.me

        2. Dispositivos eletrônicos

O uso de dispositivos eletrônicos como, tablets, computadores ou pranchas de comunicação com voz, permitem a comunicação de forma mais rápida por meio de palavras ou símbolos que este dispositivo reproduz em voz alta. 

         3. Pictogramas e Símbolos

Os pictogramas são imagens e símbolos que representam frases ou palavras. Eles podem ser utilizados para montar uma prancha ou quadro de comunicação, assim como são utilizados em aplicativos de comunicação alternativa. 

 

 

Referências

A prática de exercícios físicos traz grandes vantagens para a saúde das pessoas a longo prazo, podendo também auxiliar no desenvolvimento saudável de pessoas autistas.

As atividades físicas trazem benefícios a todos que as praticam. Elas ajudam a prevenir o desenvolvimento de diversas doenças e a controlar condições já desenvolvidas, como diabetes e hipertensão, além dos benefícios à saúde mental. 

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), qualquer movimento corporal produzido pelos músculos que gastem energia é considerado atividade física. A falta da mesma é uma das principais causas de doenças crônicas.

Para autistas, a realização de exercícios físicos pode trazer benefícios para além da saúde física, como melhora e desenvolvimento de habilidades sociais, promoção da autonomia e da independência, controle das estereotipias e das suas emoções.

Social

Durante a prática de exercícios a pessoa autista tem a oportunidade de trabalhar em equipe com os colegas a fim de atingir o objetivo definido pela atividade. Dessa forma, acaba por interagir com os participantes praticando sua comunicação, trabalhando sua autonomia, controle e manejo de suas emoções.

Adaptações para incluir

Para promover a inclusão da pessoa com TEA na prática de atividades físicas, podem ser feitos alguns ajustes simples, como:

  • Reduzir luzes fortes;
  • Diminuir ruídos no ambiente;
  • Colocar roupas confortáveis;
  • Utilizar equipamentos com texturas confortáveis. É possível reduzir o desconforto utilizando um pano ou toalha sob o equipamento no qual a pessoa demonstra maior desconforto ao toque;
  • Pausas nas atividades para absorção sensorial. É interessante que isso aconteça em um ambiente com menos estímulos visuais e sonoros.

É importante que a prática sempre aconteça com o apoio de um profissional.

Tismoo.me

Referências: