Para muitos autistas adormecer e permanecer dormindo durante a noite pode ser desafiador, separamos esse artigo para comentar sobre as dificuldades e técnicas de enfrentamento.

O sono é uma das bases determinantes para a nossa saúde física e mental. É durante uma boa noite de sono que o nosso corpo fortalece o sistema imunológico,  consolida a memória,  libera  hormônios, recupera células etc.

Ter uma noite de sono de baixa qualidade pode levar a pessoa a sentir-se mais irritada, estressada e distraída pelo cansaço. Muitas noites de sono mal dormidas podem levar a problemas psíquicos como ansiedade e depressão, ou a piora dos quadros de saúde mental. 

Dormir bem é uma das condições mais importantes para uma boa saúde. 

Autismo e problemas com o sono

“Entre 44% e 86% das crianças dentro do espectro não conseguem adormecer e permanecer dormindo facilmente.”

Um dos desafios enfrentados pelos autistas e suas famílias é o distúrbio do sono. Sabe-se que, no geral, pessoas dentro do espectro apresentam maiores dificuldades em adormecer e manter o sono. Os problemas mais comuns relatados são a desregulação dos horários e insônia. 

Isso se deve ao fato de que pessoas dentro do espectro apresentam outras comorbidades como problemas gastrointestinais, transtorno do déficit de atenção e ansiedade, sem falar de alguns medicamentos que podem influenciar negativamente na qualidade do sono. Além disso, a dificuldade em adormecer pode estar relacionada a problemas sensoriais que passaram despercebidos devido a dificuldade que o autista tem em se expressar, como por exemplo:

  • Problemas com o tecido e pijama; 
  • Não gostar de luz noturna no ambiente ou precisar da luz; 
  • Barulhos ou casa movimentada na hora de dormir. 

Outro problema comum está ligado a dificuldade em manter uma rotina para o autista. Antes do horário de dormir, ajude ele a se preparar para a cama estabelecendo sequências em sua rotina. Confira as dicas para uma boa noite de sono abaixo:

  • Diminua os sons do ambiente, abaixe o volume da televisão e de outros aparelhos sonoros; 
  • Comece a recolher os brinquedos; 
  • Tente diminuir o uso de telas próximo do horário de dormir;
  • Evite consumir bebidas açucaradas ou com cafeína, pelo menos seis horas antes; 
  • Na hora do jantar, evite doces e comidas muito pesadas;
  • Mantenha horários fixos para a hora de dormir (os mesmos devem ser seguidos nos feriados e finais de semana); 
  • Evite cochilos durante o dia. Se não for possível evitar, não deixe que passem de 45 minutos.

Referências

O que é a disfunção executiva?

Antes de falar sobre as disfunções é necessário entender o que são as funções executivas. Elas são responsáveis pela nossa capacidade de pensar, agir, planejar, tomar decisões e controlar impulsos. Quando acontece uma falha nessas funções, ocorre a disfunção executiva, que é uma característica comum dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

A falta do diagnóstico no autista disfuncional pode levar a um déficit em seu desenvolvimento, podendo se estender para a adolescência e vida adulta, onde a pessoa passa a enfrentar ciclos sociais, vida acadêmica e o mercado de trabalho, tendo dificuldades na elaboração e execução de atividades cotidianas.

Tismoo.meAlguns dos sintomas da disfunção executiva podem se apresentar assim:

  • Dificuldades em começar ou dar continuidade a uma tarefa; 
  • Problemas ao planejar uma sequência de etapas e segui-las;
  • Dificuldades em entender o que os outros pensam ou sentem;
  • Não entender as consequências de suas ações;
  • Problemas em manter um comportamento por muito tempo;
  • Dificuldade na tomada de decisões; 
  • Má administração do tempo e suas prioridades.

Como identificar a disfunção executiva?

É possível identificar problemas relacionados à disfunção executiva a partir da observação do comportamento da criança e adolescente. Dentro da rotina da criança podemos observar os seguintes comportamentos: 

  • Começa a guardar os brinquedos e não termina;
  • Acaba parando no meio da tarefa ou perde o interesse rapidamente;
  • Dificuldades para lidar com frustrações e manejar os próprios sentimentos;
  • Não termina de assistir os desenhos e já começa a fazer outra coisa;
  • Quando recebe uma lista com instruções acha difícil entender as etapas e a ordem para cumprir.

Já os sinais da disfunção executiva em adultos podem se manifestar de maneira diferente e mais sutis que em crianças e adolescentes, como: 

  • Resistência em se adaptar a mudanças de rotina, tendem a ter o comportamento ritualizado e repetitivo; 
  • Dificuldade em planejar e seguir etapas dentro de um processo, como por exemplo: 
  • Organizar as tarefas do trabalho; 
  • Entender como priorizar etapas;
  • Iniciar ou dar continuidade em projetos ou tarefas; 
  • Dificuldades em lidar com sentimentos de raiva, frustração ou tristeza.

Referências:

  • SCIELO. As Relações entre Autismo, Comportamento Social e Função Executiva. Disponível em:  03-CLEONICE (scielo.br) Acesso em 21 de Junho de 2024

Um novo estudo divulgado ontem (16.jul.2024) pela ONG Autism Science Foundation (ASF) revela que a taxa de recorrência do transtorno do espectro do autismo (TEA) em crianças que têm um irmão mais velho autista subiu para 20,2%. Esse número é significativamente maior que a taxa da população geral, que é de 2,8% (segundo números do CDC dos EUA, divulgados em 2023). A pesquisa, publicada na revista Pediatrics, utilizou uma amostra mais ampla e diversificada do que um estudo similar realizado em 2011, que reportava uma taxa de 18,7%. Dados foram coletados de 18 locais diferentes pelo Consórcio de Pesquisa de Bebês Irmãos do Autismo, acompanhando 1605 bebês com irmãos mais velhos autistas desde o nascimento até os 3 anos de idade.

O estudo identificou que o sexo do bebê, o número de irmãos autistas na família e o sexo do irmão mais velho (probando) são fatores determinantes na taxa de recorrência. Bebês do sexo masculino apresentaram uma taxa de recorrência de 25%, enquanto bebês do sexo feminino apresentaram 13%. Além disso, a taxa de recorrência aumenta significativamente em famílias com mais de um irmão autista, chegando a 37%. Se o primeiro filho autista for do sexo feminino, a taxa de recorrência é de 34,7%, comparada a 22,5% quando o primeiro filho autista é do sexo masculino.

Variáveis associadas com a recorrência e as taxas de recorrência:

Sexo do bebê

  • Taxa de recorrência em meninos = 25%
  • Taxa de recorrência em meninas = 13%

Número de crianças autistas na família

  • Taxa de recorrência se houver mais de um irmão autista = 37%
  • Taxa de recorrência se houver apenas um irmão autista = 21%

Sexo do probando (ou seja, sexo do irmão autista mais velho)

  • Taxa de recorrência se o primeiro filho autista for do sexo feminino = 34,7%
  • Taxa de recorrência se o primeiro filho autista for do sexo masculino = 22,5%

Raça

  • Taxa de recorrência em não brancos = 25%
  • Taxa de recorrência em brancos = 18%

Educação materna

  • Taxa de recorrência se a mãe tem ensino médio ou menos = 32%
  • Taxa de recorrência se a mãe tem diploma de pós-graduação = 17%

Menos educação, mais recorrência

Contextos socioeconômicos também desempenham um papel crucial na taxa de recorrência do autismo. Crianças cujas mães possuem apenas o ensino médio ou menos apresentam uma taxa de recorrência de 32%, enquanto aquelas cujas mães têm um diploma de pós-graduação têm uma taxa de 17%. Esses dados sugerem que a monitorização de bebês em risco deve considerar tanto fatores genéticos quanto contextuais, com atenção especial para famílias economicamente desfavorecidas.

A Autism Science Foundation, uma das financiadoras do estudo, enfatiza a importância de uma vigilância contínua e intervenção precoce para irmãos mais novos de crianças autistas. A Dra. Alycia Halladay, diretora científica da fundação, destacou a necessidade de garantir que essas crianças sejam monitoradas de perto e encaminhadas para avaliação diagnóstica rapidamente se sinais precoces de autismo surgirem. “É crucial que os irmãos mais novos, especialmente aqueles do sexo masculino ou com múltiplos irmãos autistas, sejam acompanhados de perto durante o desenvolvimento inicial”, afirmou Halladay, que atua como responsável pelo programa do consórcio Autism Baby Siblings Research Consortium (BSRC). A coleta e análise deste grande conjunto de dados foi possível graças a um banco de dados compartilhado do BSRC, financiado pela ASF.

O BSRC é uma comunidade multidisciplinar de pesquisadores e clínicos dedicada a entender as origens e os primeiros sinais de TEA. Nos últimos dez anos, o consórcio tem identificado marcadores comportamentais e biológicos de risco antes da idade típica de diagnóstico, promovendo intervenções precoces na infância. Para mais detalhes sobre o artigo que explica o estudo e a respeito do trabalho do consórcio, visite o site da Autism Science Foundation, neste link.

O estudo original está no PubMed, em pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39011552/, e na revista Pediatrics (neste link).

A hidratação é fundamental para manter a saúde em dia e garantir o funcionamento do corpo. 

A ingestão de água é essencial para manter um bom funcionamento do organismo e saúde do nosso corpo, sendo responsável pela prevenção de cálculos renais, liberação de toxinas através do suor e urina, controle de temperatura do corpo e hidratação da pele e cabelos. 

Para alguns autistas e cuidadores manter a ingestão adequada de água pode ser desafiador devido a questões sensoriais, como não aceitar água em determinada temperatura, ou não aceitar nenhum tipo de chá ou polpa. Pode ser ainda relacionado a dificuldades relacionadas ao comportamento restrito e repetitivo, como não aceitar beber água sem determinado copo ou objeto de conforto. 

Além disso, a ingesta hídrica em quantidades adequadas evita a constipação e facilita a digestão dos alimentos.

Manter o consumo regular de líquidos pode parecer simples, mas é muito comum que na correria do dia a dia as pessoas se esqueçam de beber água, principalmente em dias frios. Uma boa forma de lidar com o problema do esquecimento é mantendo uma garrafinha de água fresca por perto. No caso de crianças, além da água, pode-se ofertar utilizando a garrafinha, chás e sucos (preferencialmente sem açúcar), o que também auxilia na hidratação.

Tismoo.me

Dicas para estimular autistas a beber mais água:

  • Tenha uma garrafa com água fresca sempre por perto;
  • Baixe aplicativos que lembrem de beber água, como o Hydrillo, Aqualert e Lembrete de água;
  • Experimente consumir água saborizada para facilitar o consumo;
  • Utilize uma garrafa com indicadores motivacionais de quantidade, dessa forma você será capaz de medir a quantidade de água ingerida durante o dia;
  • Utilize uma garrafa ou copo que tenha um desenho, formato ou estampa com algum hiperfoco da pessoa;
  • Não espere ficar com sede para beber água (a sede pode já ser um sinal de desidratação);
  • Coma frutas ricas em água como melancia, melão ou laranja.

Sintomas da desidratação

Fique atento a alguns dos sintomas da desidratação! Caso note um ou mais sintomas descritos abaixo, leve a pessoa para o atendimento médico hospitalar:

  • redução na quantidade de urina diária;
  • secura dos lábios e da pele;
  • aparecimento de olheiras;
  • sensação de sede excessiva;
  • perda de peso;
  • dores de cabeça;
  • fadiga;
  • tontura.

Referências

A alimentação de pessoas autistas pode ser um assunto delicado para os pais e cuidadores, acompanhe nossa matéria sobre o assunto!

A alimentação pode ser um desafio para os autistas e seus cuidadores, devido às dificuldades em manter uma alimentação saudável, o que aumenta o risco de deficiências nutricionais. 

As questões ligadas aos distúrbios alimentares se apresentam em cerca de 51% a 89% das crianças com TEA. Alguns dos problemas apresentados são:

  • seletividade alimentar; 
  • postura de inquietude e ansiedade durante as refeições;
  • repertório alimentar limitado; 
  • ingestão restrita ou exagerada;
  • dificuldade em permanecer à mesa durante as refeições. ¹

As barreiras alimentares são extremamente comuns dentro do espectro, sendo a seletividade a mais relatada pelos pais. As dificuldades em aceitar novos alimentos pode estar ligada a questões sensoriais e a necessidade de manter rotinas, padrões ritualizados e repetitivos. 

Seletividade Alimentar

Trata-se da recusa frequente de alimentos novos pelo repertório limitado de alimentos aceitos, a seletividade é considerada algo comum na infância. Porém, quando trata-se do TEA, falamos de um desafio para o autista e o motivo de preocupações para seus cuidadores. Isso ocorre devido às complicações atreladas à alimentação extremamente restrita, como atraso no desenvolvimento, problemas ósseos, anemia, desnutrição, baixo peso e obesidade. Além do risco aumentado para o desenvolvimento de hipertensão e diabetes. 

A recusa em alimentos pode nem sempre estar relacionada ao gosto do mesmo, mas sim a textura, cores, cheiros, temperos e a forma como a comida é apresentada.

Dicas:

Uma das formas de conseguir aumentar o repertório alimentar da pessoa, é oferecendo os alimentos de diferentes formas, assim como tentando identificar o motivo por trás da recusa. Às vezes a pessoa pode não aceitar bem alimentos moles como purê de batatas, por exemplo, então uma alternativa seriam batatas cozidas ao dente ou assadas no forno.

Além das dificuldades sensoriais, outros fatores podem influenciar como, habilidades motoras orais que resultam em um maior esforço para mastigação, problemas gastrointestinais e comportamentais, e a necessidade de manter uma rotina e rituais. 

As barreiras podem ser superadas independentemente da idade da pessoa autista, é importante lembrar que o processo de introdução a novos alimentos é feito com calma e pode ser apoiado por terapias que a pessoa faça em seu cotidiano, como a Terapia Ocupacional e a Fonoaudiologia, por exemplo.  

Referências

TISMOO. A seletividade alimentar e o autismo. Disponível em:   A seletividade alimentar e o autismo – Tismoo Acesso em 21 de Junho de 2024

SCIELO. Comportamento alimentar de crianças com transtorno do espectro autista. Disponível em:  ¹ SciELO – Brasil – Comportamento alimentar de crianças com transtorno do espectro autista Comportamento alimentar de crianças com transtorno do espectro autista Acesso em 21 de Junho de 2024

Com a chegada do clima frio vem a necessidade de maiores cuidados em relação a prevenção de gripes, resfriados e alergias respiratórias principalmente para pessoas autistas. Baixas temperaturas e o clima mais seco podem provocar lesões na mucosa nasal, facilitando a entrada de vírus pelas vias respiratórias e a sua proliferação.

A maior ocorrência de gripe nos meses frios também está relacionada às aglomerações em locais fechados e mal ventilados. Esses espaços concentram cargas virais, facilitando a disseminação das doenças respiratórias, além de serem possíveis locais de depósito de poeira e ácaro, o que também pode desencadear alergias, ainda mais do ponto de vista das pessoas com TEA, que naturalmente já apresentam uma predisposição maior à despertar alergias respiratórias.

Como o organismo precisa manter a temperatura corporal em 37,5ºC para o bom funcionamento dos sistemas, a sensação de frio estimula diversas reações no corpo. Uma dessas reações é a contração dos vasos sanguíneos da mucosa nasal, o que gera a diminuição da secreção de fluidos que contêm diversos mediadores antivirais. Isso deixa o organismo mais suscetível à contaminação. 

Hipossensibilidade

Ademais, pessoas autistas também podem apresentar hipossensibilidade em relação a sintomas gripais como febre, dor de cabeça e dor no corpo, e ao não conseguir identificar e relatar adequadamente esse sintomas, o diagnóstico pode ser realizado mais tardiamente, o que agrava o quadro. Sendo assim, a atenção em relação à possíveis alterações comportamentais da pessoa autista nesta época do ano deve ser redobrada, sempre em busca de possíveis sinais de adoecimento.

Seguindo essa linha, aqui estão algumas dicas para evitar esses quadros tão inconvenientes para todo espectro:

  • Evite exposição aos alérgenos e gatilhos conhecidos. Exemplos: baixas temperaturas por tempo prolongado, ácaros, poeira, pelos de animais, produtos com cheiro forte etc.;
  • Evite aglomerações em ambientes fechados! Além de evitar o desconforto do autista por sobrecarga sensorial, também previne contra a disseminação de doenças respiratórias;
  • Cuidado com a higiene do seu ambiente! Mantenha a casa limpa, arejada e livre de poeira. Evite: tapetes, carpetes, cortinas de pano e materiais de pelúcia;
  • Deixe a luz entrar! Abra as janelas e coloque roupas de cama, vestimentas e outras peças de tecido no Sol para eliminar os ácaros;
  • Use soro fisiológico para lavar o nariz com frequência;
  • Se estiver doente, lembre-se de usar máscaras para evitar a transmissão, mas caso a pessoa autista não se sinta confortável com o uso de máscara, trabalhe essa questão de aceitação aos poucos com a terapia ocupacional;
  • Beba água! A ingesta hídrica auxilia na fluidificação de secreções para eliminá-las;
  • Certifique-se de seguir o calendário vacinal e tomar as vacinas antialérgicas e de influenza para melhorar a imunidade.

Alerta!

Atenção: Em caso de sintomas agravados ou febre alta persistente (maior que 39°C) procure ajuda médica e nunca se automedique.

Junho é mês de comemoração e festa junina, um evento cheio de música, dança, comidas típicas e para os autistas, uma festa de estímulos. Separamos esse momento para falar sobre como tornar esta data mais leve para os autistas. Afinal, todos nós merecemos a alegria de festejar e a paz de estar bem consigo mesmo. 

Assim como outras festas e eventos comemorativos o ambiente irá estar repleto de pessoas, música e estímulos vindos de sons, cores e a própria vivência de estar lá, para isso, é importante se planejar para o evento e deixar a pessoa preparada para o dia. Sendo assim, é interessante mostrar vídeos de como será a festa, colocar a música típica para tocar alguns dias antes para se acostumar com alguns sons. No caso de precisar vestir alguma fantasia, deixe que a pessoa experimente a roupa antes e use ao longo do dia para que ela possa se acostumar com as texturas e para que você consiga identificar eventuais gatilhos para crises. 

Preparar e planejar não eliminam as chances de haver a sobrecarga sensorial (uma das causas da crise no TEA) mas ajudam a tornar a experiência previsível para o autista, ajudando com a adaptação social, não apenas nesse evento como também aos próximos.

Crises e frustrações:

É comum se frustrar quando não se ganha o brinquedo na brincadeira, ou mesmo não consegue brincar, explique com antecedência como a brincadeira funciona e que não existe problema em perder ou não conseguir o brinquedo que deseja. Tenha em mãos um objeto ou brinquedo de conforto para ajudar a contornar a frustração e se necessário, se afaste do local da brincadeira para tentar mudar o foco da atenção da criança. Ir a outro local com menos pessoas, música e estímulos (como uma sala de descanso) pode ajudar muito. 

Hipersensibilidade auditiva: 

Músicas altas e fogos de artifício podem incomodar e serem gatilhos para crises. Procure permanecer em locais mais afastados das caixas de som e evite o horário de queima de fogos. Outra possibilidade é optar por protetores auriculares e abafadores, caso a criança esteja acostumada (teste previamente).

Clima frio e o choque térmico: 

Cuidado com a fogueira! O clima frio pode contribuir para o desenvolvimento de gripes e resfriados, assim como ficar muito perto do fogo para se esquentar e posteriormente se expor ao vento gelado, pode agravar esses quadros devido ao choque térmico. Saia de casa bem agasalhado, assim não precisará da fogueira para se aquecer! 

Seletividade alimentar: 

Poder saborear as comidas típicas é bom demais, mas sabemos como pode ser difícil inovar no paladar de pessoas com TEA. Apresente as comidas, deixe que a criança as veja e participe na escolha dos alimentos. O interesse por algo novo pode surgir após a exposição visual e tátil. Contudo, tenha sempre uma alternativa de um alimento aceito pela pessoa autista, no caso dela não aceitar nenhum dos disponíveis nas festividades, e cuidado com o excesso de doces e sódio. 

Aglomerações: 

Ambientes festivos têm uma concentração maior de pessoas, por isso fique atento aos espaços mais tranquilos! Opte por um local um pouco mais afastado das aglomerações, que seja mais calmo e seguro, ou saia do ambiente por alguns momentos para outro com menos estímulos sensoriais, tornando a experiência mais prazerosa e menos estressante para a pessoa com TEA. 

 

 

Numa reportagem nesta sexta-feira, 07.jun.2024, a revista Exame destacou a health tech Tismoo.me, com sua inteligência artificial (IA) e um serviço de saúde de Gestão de Saúde Populacional (GSP) especializados em autismo, atualmente vendido a médias e grandes empresas, operadoras de saúde e clínicas de autismo.

O texto de Miguel Fernandes enfatiza enfatiza que “o modelo de negócios da Tismoo.me é vender seu serviço de gestão de saúde populacional para empresas, que é oferecido como benefício a seus funcionários neurodivergentes ou com familiares nessa condição. Para as corporações, o valor agregado vai muito além da economia nos custos de saúde. Ao promover a diversidade e inclusão, elas atraem e retêm talentos, fortalecem sua marca empregadora e demonstram responsabilidade social”, escreveu Fernandes, que é chief artificial intelligence officer da Exame.

A reportagem cita a trajetória do cofundador e CEO da Tismoo.me, Francisco Paiva Jr., incluindo a criação da Revista Autismo até chegar na health tech e na IA especializada em autismo recentemente lançada para o público, o Genioo, além do serviço de saúde inovador que a startup criou.

Inteligência artificial e autismo

A IA está revolucionando a vida de pessoas autistas, com tecnologias inovadoras que oferecem suporte personalizado e autonomia. Ferramentas baseadas em IA, como aplicativos de comunicação aumentativa, ajudam na interação social, enquanto sistemas de monitoramento avançados auxiliam na gestão de comportamentos e rotinas. Segundo especialistas, essas tecnologias promovem maior independência e qualidade de vida para pessoas com transtorno do espectro do autismo (TEA).

Pesquisas recentes destacam que a IA pode identificar padrões comportamentais e prever crises, permitindo intervenções antecipadas e personalizadas. Isso representa um avanço significativo em comparação com métodos tradicionais, oferecendo um suporte mais eficiente e adaptado às necessidades individuais.

Para as informações completas, acesse a reportagem da revista Exame, na íntegra, neste link.

 

CONTEÚDO EXTRA

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego (UC San Diego) sugere que um cérebro anormalmente grande pode ser o primeiro sinal de autismo profundo (ou nível 3), visível já no primeiro trimestre de gestação. Publicada na revista *Molecular Autism*, a pesquisa utilizou células-tronco de crianças com autismo idiopático para criar organoides corticais cerebrais (BCOs, na sigla em inglês para brain cortical organoids — também conhecidos como “minicérebros”), que são modelos do córtex fetal. Os BCOs de crianças autistas eram significativamente maiores que os de crianças neurotípicas, com um aumento de cerca de 40%. Quanto maior o “minicérebro”, mais graves eram os sintomas sociais e de linguagem dessas crianças, segundo os resultados do estudo.

A pesquisa, liderada pelos professores Alysson Muotri e Eric Courchesne, revelou que o crescimento anormal dos BCOs em crianças com autismo está correlacionado com a severidade da apresentação da condição autista. Crianças cujos respectivos “minicérebros” excessivamente aumentados mostraram volumes cerebrais maiores em áreas relacionadas à socialização, linguagem e funções sensoriais quando comparadas aos seus pares neurotípicos. “O ditado ‘quanto maior o cérebro, melhor’ nem sempre é verdadeiro,” afirmou Alysson Muotri, diretor do Instituto de Células-Tronco da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA). “Nos organoides cerebrais de crianças com autismo severo, há mais células proliferando e, consequentemente, mais neurônios — e isso nem sempre é positivo.”

Formação acelerada de neurônios

O estudo descobriu que os BCOs de todas as crianças com autismo, independentemente da severidade, cresciam aproximadamente três vezes mais rápido do que os de crianças neurotípicas. Algumas das maiores organoides cerebrais, provenientes de crianças com casos mais graves e persistentes de autismo, também apresentaram uma formação acelerada de neurônios. Essa descoberta sugere que a gravidade do autismo pode estar diretamente ligada à taxa de crescimento e número de neurônios no cérebro.

Eric Courchesne, coautor do estudo, destacou a importância desse tipo de pesquisa. “Os sintomas centrais do autismo são problemas sociais e de comunicação. Precisamos entender as causas neurobiológicas subjacentes a esses desafios e quando eles começam. Somos os primeiros a projetar um estudo de células-tronco para abordar essa questão específica e central do autismo,” disse Courchesne, que também é codiretor do Centro de Excelência em Autismo da UC San Diego.

A descoberta de que o crescimento excessivo do cérebro começa ainda no útero pode abrir caminho para novas terapias destinadas a melhorar as funções intelectuais e sociais das pessoas com autismo. Os pesquisadores agora esperam identificar a causa desse crescimento acelerado para desenvolver tratamentos que possam ajudar na função social e intelectual dos afetados.

Para mais detalhes sobre esta pesquisa pioneira, a reportagem completa pode ser acessada no site Medical Express e também no UC San Diego Today. O estudo completo pode ser acessado neste link.

 

CONTEÚDO EXTRA

O neurocientista brasileiro Alysson Muotri está à frente de mais um projeto revolucionário que visa explorar a biodiversidade da Amazônia em busca de tratamentos eficazes para doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, e outras condições neurológicas, incluindo o autismo. Em colaboração com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a pesquisa de Muotri utiliza minicérebros — organoides cerebrais que replicam a estrutura do cérebro humano — que serão enviados à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) para estudos em condições de microgravidade. A iniciativa promete avançar significativamente o entendimento de doenças neurológicas através do estudo de moléculas oriundas da biodiversidade de plantas amazônicas com potencial terapêutico e foi destaque no G1 neste domingo (5).

Além da exploração científica, o projeto incorpora uma integração tecnológica notável, onde robôs equipados com inteligência artificial são usados para identificar e coletar espécies vegetais na vasta floresta Amazônica. Este aspecto do projeto não só aumenta a eficiência na coleta de dados, mas também ajuda a preservar o conhecimento indígena sobre as propriedades curativas das plantas, colaborando com os líderes Huni Kuin no Acre. Segundo a reportagem do jornalista Roberto Peixoto, a pesquisa do brasileiro planeja começar os experimentos espaciais em meados de 2025, e os resultados poderiam oferecer novos caminhos para o desenvolvimento de tratamentos mais eficientes e menos invasivos para pacientes ao redor do mundo.

O projeto esta sendo financiado pela iniciativa Humans in Space, do grupo de investimentos sul coreano Boryung, e pelo Centro Integrado de Pesquisa Espacial de Células-Tronco em Órbita (sigla em inglês, ISSCOR) localizado na Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), na qual Muotri é diretor.

‘Máquina do tempo’

O aspecto inovador do estudo não reside apenas no uso de tecnologias de ponta e na colaboração intercultural, mas também na rapidez com que os organoides cerebrais envelhecem no espaço, proporcionando uma oportunidade única para estudar as doenças em um curto espaço de tempo. Esse envelhecimento acelerado permite aos cientistas observar os efeitos potenciais de neurodegeneração e testar a eficácia de moléculas isoladas antes de serem aplicadas em contextos terapêuticos na Terra — “É quase uma máquina do tempo!”, brinca o Dr. Muotri a respeito desse efeito da microgravidade. Ainda, a sustentabilidade do projeto é destacada pela intenção de Alysson Muotri de destinar uma parte dos eventuais lucros obtidos com futuras descobertas terapêuticas aos povos indígenas, reconhecendo sua contribuição vital para o sucesso da pesquisa.

Este projeto não apenas eleva o papel do Brasil no cenário científico internacional, mas também exemplifica uma abordagem holística e responsável para com a ciência moderna, integrando respeito pela natureza e pelas culturas indígenas com inovações tecnológicas e médicas. É um esforço colaborativo que espelha a complexidade dos desafios que enfrentamos e o potencial das soluções inovadoras que podemos alcançar.

Autismo e neurodesenvolvimento

Vale destacar que o Dr. Alysson Renato Muotri, que é professor da faculdade de medicina da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) e lidera o Muotri Lab naquela mesma universidade, também é cofundador da Tismoo Biotech e da Tismoo.me, startups brasileiras que atuam com autismo e neurodesenvolvimento — esta última lançou uma inteligência artificial especialista em autismo, chamada Genioo, no último dia 02.abr.2024, que atualmente pode ser utilizada sem custo. Ele foi convidado pela Nasa (a agência espacial dos EUA) para ir pessoalmente à ISS no ano que vem para conduzir pesquisas relacionadas a neurodesenvolvimento, o que o tornaria o primeiro cientista do mundo a ir ao espaço!

Para mais detalhes sobre esta pesquisa pioneira e seus desenvolvimentos futuros, a matéria completa, do jornalista Roberto Peixoto, ilustrações de Ana Moscatelli, com edição de Ardilhes Moreira — contendo diversas animações, ilustrações e infográficos —, pode ser acessada no site do G1, neste link.

 

CONTEÚDO EXTRA

 

(Publicado originalmente no Canal Autismo / Revista Autismo)