Startup brasileira criou chat conversacional gratuito para tirar dúvidas sobre autismo e neurodesenvolvimento com informações seguras

Nesta terça, 2.abr.2024, quando o mundo todo celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a startup Tismoo.me lançou o “Genioo”, a primeira inteligência artificial (IA) especializada em autismo e neurodesenvolvimento. Acessando app.tismoo.me/genioo ou no aplicativo Tismoo.me (para iOS e Android), qualquer pessoa pode conversar gratuitamente com o Genioo, no estilo ChatGPT, para tirar suas dúvidas. A iniciativa leva acesso a informação de qualidade sobre autismo e outras neurodivergências a todos — e não só em português, mas em diversos idiomas, incluindo inglês e espanhol.

A inteligência artificial da Tismoo.me foi treinada com informações acuradas e precisas a respeito do transtorno do espectro do autismo (TEA), síndromes relacionadas ao espectro e outras condições do neurodesenvolvimento e neurodivergências, incluindo estudos científicos e publicações da Revista Autismo (maior publicação do mundo sobre o tema em língua portuguesa), além de dados genéticos e estudos do Muotri Lab, da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), liderado pelo neurocientista brasileiro, Dr. Alysson Muotri, que é um dos sócios cofundadores da Tismoo.me. “A grande inovação do Genioo não é somente o uso cuidadoso e responsável de uma inteligência artificial na área da saúde, o que é uma tendência para os próximos anos, mas poder dar acesso a informações a respeito de TEA para quem hoje não tem o suporte necessário ou uma rede de apoio”, argumentou Muotri, que tem parceria com a NASA para fazer pesquisas sobre autismo na Estação Espacial Internacional, produção científica essa também utilizada para “abastecer” os algoritmos e a IA da Tismoo.me.

Reconhecendo padrões comportamentais 

Para o CEO da startup, Francisco Paiva Jr., “a tecnologia  Genioo vem para democratizar a informação a respeito de autismo para todos com acesso à internet”. Paiva ainda continua: “Além de uma base de conhecimento especializada e científica, o que traz mais segurança às informações da nossa inteligência artificial generativa, isso você não encontra hoje num ChatGPT, por exemplo. Também estamos treinando o Genioo para reconhecer padrões comportamentais como, por exemplo, a ideação suicida durante a conversa, um dos grandes problemas de saúde pública que tem uma prevalência muito maior em autistas que na população em geral – estudos apontam para uma incidência de 8 vezes mais suicídios em  autistas que em pessoas neurotípicas”, revelou Paiva Junior, que também é um dos cofundadores da Tismoo.me.

Para ter acesso à tecnologia Genioo, que está em sua primeira versão beta, basta baixar o app Tismoo.me na loja de aplicativos da Apple (para iPhone) ou do Google (para Android) ou via web, acessando app.tismoo.me para bater papo com o robô especialista — vale destacar que é preciso cadastrar-se na plataforma para criar um usuário e ter acesso completo à inteligência artificial.

“Um caso bem interessante na fase de testes da nossa IA, foram autistas adultos que usaram o Genioo para reescrever o que eles queriam responder para e-mails e mensagens de whatsapp no trabalho, pois sempre recebem críticas por responderem de forma que soa rude ou mal-educada, por serem diretos demais e, muitas vezes, com excesso de sinceridade. Achei esse uso muito criativo e mostra o quão ilimitadas podem ser as possibilidades de crescimento da tecnologia Genioo”, contou Francisco Paiva Jr.

1º GSP para autismo

Além da inteligência artificial conversacional lançada, a health tech Tismoo.me — uma startup de saúde e tecnologia, criada em 2017 — tem o primeiro serviço de Gestão de Saúde Populacional (GSP) para autistas da América Latina, um serviço que faz o monitoramento da saúde de autistas e outras neurodivergências, com acolhimento, predição e prevenção de doenças comuns, assim como o uso mais inteligente do sistema de saúde, seja público, privado ou suplementar, com redução de custos e mais qualidade de vida para autistas e suas famílias. Para isso, a startup se utiliza de atendimento remoto humanizado somado a tecnologias como IA (já usando o Genioo internamente há mais de um ano), deep learning e análise de dados. O serviço, chamado “Saúde no Espectro”, é comercializado somente para empresas, clínicas e operadoras de saúde por enquanto, mas a startup tem planos de ter uma versão para venda direta ao consumidor no ano que vem.

Nas próximas versões do aplicativo, segundo Francisco Paiva Jr., haverá uma versão desse serviço de saúde em formato digital (o “GSDigi”) para dar sugestões e orientações personalizadas a autistas e suas famílias, sempre buscando promover mais saúde, qualidade de vida e bem-estar a todo o espectro do autismo, síndromes relacionadas e outras condições do neurodesenvolvimento.

Há mais informações no site www.tismoo.me.

Autistas e famílias agora podem contar com 1ª inteligência artificial especializada em autismo — Canal Autismo / Revista Autismo

Tela inicial do Genioo, dentro da plataforma Tismoo.me.

 

 

(Publicado originalmente no Canal Autismo)

Um único gene pode significar a diferença entre ter uma personalidade de “arroz de festa” e enfrentar dificuldades sociais, sugere uma nova pesquisa. O achado pode conduzir ao desenvolvimento de um tratamento para as dificuldades sociais do autismo. Indivíduos com a síndrome de Williams (outra condição de saúde do neurodesenvolvimento) têm uma personalidade gregária, amigável, típica das interações em festas, por outro lado, aqueles com a alteração genética oposta tendem a apresentar traços autísticos e são propensos a enfrentar dificuldades sociais.

Graças a novas descobertas realizadas por pesquisadores do Instituto de Células-Tronco Sanford e da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), nos EUA, os cientistas agora têm uma melhor compreensão do porquê dessa diferença. A pesquisa, publicada hoje na revista científica Cell Reports, pode ajudar a explicar as variações na personalidade humana e até mesmo levar ao desenvolvimento de um tratamento que facilite para alguns indivíduos com autismo funcionarem melhor em sociedade.

“Essas descobertas de vias moleculares que controlam a socialização humana, podem ser exploradas com medicamentos para o tratamento dos autistas que precisam melhorar a parte cognitiva social”, disse o autor principal do estudo, Dr. Alysson Muotri, em entrevista exclusiva ao Portal da Tismoo e à Revista Autismo.

Síndrome de Williams

Frequentemente referida como “o oposto do autismo”, a síndrome de Williams é uma condição genética rara causada pela deleção de cerca de 25 genes na região cromossômica 7q11.23. Essa alteração produz uma série de sintomas, como doenças cardíacas e atraso no desenvolvimento. Ela se caracteriza por uma personalidade extremamente envolvente com alta sociabilidade, loquacidade e um vocabulário que mascara um QI tipicamente abaixo da média.

No entanto, as habilidades sociais da síndrome de Williams são uma espada de dois gumes. Indivíduos com essa condição paradoxal envolvem-se facilmente com estranhos, tornando-os particularmente vulneráveis a abusos e bullying.

Em vez de uma deleção de genes na região cromossômica 7q11.23, o DNA de algumas pessoas apresenta uma duplicação, resultando em comportamentos que são, por vezes, bastante opostos àqueles exibidos por indivíduos com a síndrome de Williams. Aqueles com essa rara alteração genética oposta — conhecida como síndrome de duplicação 7q11.23 — normalmente experimentam sintomas, incluindo autismo, fobia social e mutismo seletivo.

Gene GTF2I

Embora a região genética mais ampla subjacente à síndrome de Williams tenha sido previamente estudada, cientistas da UCSD hipotetizaram que um gene em particular, o GTF2I, é predominantemente responsável pela variação social vista nessa condição de saúde. “Gosto de descrever este gene como o gene do preconceito”, disse o Dr. Alysson Muotri, diretor do Centro de Pesquisa Orbital de Células-Tronco Integradas ao Espaço da UC San Diego e cofundador das startups Tismoo Biotech e da healthtech Tismoo.me.

Para aprender mais sobre seu papel, os pesquisadores utilizaram células-tronco pluripotentes humanas para criar “minicérebros”, que imitam o cérebro humano durante o desenvolvimento fetal, sem o gene GFT2I. Com 2 meses de idade, esses organoides cerebrais eram menores que aqueles com GTF2I. De fato, a perda do gene resultou em aumento da morte celular, diminuição da atividade elétrica e defeitos nas sinapses, as conexões eletroquímicas que permitem que os neurônios se comuniquem entre si.

Os pesquisadores ainda não entendem completamente por que a alteração do gene GTF2I afeta o cérebro dessa forma. A equipe hipotetiza que o aumento da morte celular reduz o número de células no cérebro e, portanto, sua atividade elétrica. Também é possível que o gene ajude a reparar sinapses, o que significa que aqueles sem ele têm um número maior dessas que permanecem sem reparo.

Socialização

Centenas de genes têm sido associados ao autismo, mas o GTF2I “é o único gene do qual temos conhecimento que regula a socialização de forma mais direta”, disse Muotri. A nova pesquisa sugere que, quando se trata de sociabilidade, esse gene é o principal ator no desenvolvimento cerebral fetal. De fato, indivíduos sem as síndromes de Williams ou duplicação 7q11.23 — ou seja, a maioria de nós — têm uma dosagem genética equilibrada de GTF2I e não são nem hiper nem hipossociais.

As descobertas do novo estudo estão alinhadas com trabalhos anteriores que demonstraram hipersociabilidade em animais que não possuem o GTF2I. Por exemplo, moscas da fruta que não têm esse gene, preferem comer juntas, sem a usual “bolha social” obrigatória, e camundongos que tiveram o gene deletado são mais amigáveis que a maioria. Além disso, incrivelmente, alterações em um outro gene, que controla a função do GTF2I — potencialmente desligando-o —, podem ser pelo menos parcialmente responsáveis pela disposição amorosa e amigável de cães domésticos comparados a lobos selvagens.

GTF2I — Estudo descobre o 'gene da socialização' (GTF2I) e pode levar a tratamento para dificuldades sociais de autistas — Portal da Tismoo

Medicamento

Graças às descobertas da equipe de Muotri, a esperança pode estar no horizonte para aqueles com autismo ligado ao GFT2I. A pesquisa abriu caminho para o desenvolvimento potencial de um medicamento que regula a expressão desse gene, facilitando a interação social para indivíduos afetados. Esse tratamento também pode ajudar aqueles que têm um gene GFT2I normal que foi “desligado” pelo epigenoma (reguladores bioquímicos que modificam como nossos genes são expressos durante o desenvolvimento e ao longo da vida).

O trabalho da equipe também lança luz sobre a evolução da socialidade humana, argumenta Muotri. Chimpanzés — o parente evolutivo mais próximo dos humanos — são sociais, mas apenas até certo ponto, preferindo lidar com apenas alguns outros chimpanzés de cada vez. Humanos, por outro lado, “criam grandes comunidades nas quais confiamos uns nos outros sem realmente nos conhecermos”, disse ele. Caso em questão: “Quando você entra em um avião, você não pede para ver a licença do piloto”, exemplificou o Dr. Alysson Muotri.

GFT2I é “provavelmente um dos genes que ajudam os humanos a alcançar esse equilíbrio seguro, em que confiamos na comunidade, mas às vezes não confiamos uns nos outros no mesmo grau”, disse ele, que ainda acrescentou: “Há um ajuste fino da socialização em humanos que você não vê em outras espécies”.

O resultado é a capacidade de colaborar efetivamente. E tal colaboração, Muotri afirma, tem sido chave para as maiores conquistas da humanidade: “É quando cooperamos que podemos colocar um homem na lua. É quando cooperamos que podemos decodificar o genoma humano. Porque trabalhamos juntos”, finalizou Dr. Muotri, que foi convidado pela Nasa para ser o primeiro cientista do mundo a ir pessoalmente à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês para International Space Station) conduzir pesquisas sobre autismo, cérebro e neurodesenvolvimento em microgravidade em 2024 ou 2025.

O estudo, que pode ser lido neste link, contou ainda com os seguintes coautores: Jason W. Adams, Annabelle Vinokur, Janaína S. de Souza, Charles Austria, Bruno S. Guerra, Roberto H. Herai e Karl J. Wahlin.

 

CONTEÚDO EXTRA

A empresa Jaguar Gene Therapy (EUA) recebeu aprovação do FDA (Food and Drug Administration, agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, reguladora de medicamentos e alimentos daquele país) para conduzir um ensaio clínico (clinical trial) de terapia gênica em pessoas com síndrome de Phelan-McDermid. O tratamento, denominado JAG201, foi testado em animais nos últimos dois anos e agora recebe a autorização para o ensaio clínico em humanos.

“Este é um marco importante para a nossa comunidade e para o desenvolvimento de medicamentos na síndrome de Phelan-McDermid! Este será o primeiro ensaio com o objetivo de atingir as bases genéticas da síndrome de Phelan-McDermid” destacou, em seu perfil no Instagram, a Phelan-McDermid Syndrome Foundation (PMSF, associação da síndrome de Phelan-McDermid nos Estados Unidos), que tem mantido contato frequente com a Jaguar para diminuir as barreiras a este ensaio clínico e amplificar as vozes das famílias.

O neurocientista brasileiro Dr. Alysson Muotri, professor da faculdade de medicina da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) , avisa que mais ensaios clínicos como esse devem acontecer em breve, principalmente para síndromes relacionadas com o transtorno do espectro do autismo (TEA). “Mais terapias gênicas para outros genes relacionados a autismos sindrômicos devem ser aprovadas nos próximos meses”, revelou Dr. Muotri, que é cofundador das startups Tismoo Biotech e Tismoo.me.

Avanço científico

“Com muita alegria compartilhamos aqui este conteúdo sobre terapia gênica. É o resultado de muitos  anos de trabalho das famílias das pessoas com síndrome de Phelan-McDermid com os pesquisadores, para chegarmos neste dia da aprovação pelo FDA do ensaio clínico de terapia gênica. É um assunto complexo. Assim como avançamos nas pesquisas, outras síndromes raras, que trazem o TEA como característica, poderão se beneficiar deste conhecimento e processo que a comunidade da síndrome de Phelan- McDermid vem passando. Estamos diante de um momento de mudança de impacto no tratamento, se tudo caminhar bem nesta fase”, comemora Cláudia Spadoni, mãe, voluntária e representante regional da PMSF no Brasil.

O ensaio será realizado em um número muito pequeno de pessoas, dosadas uma de cada vez, com critérios de inclusão muito específicos. Os participantes serão adultos com síndrome de Phelan-McDermid. O primeiro objetivo é testar a segurança. A PMSF promete compartilhar mais detalhes nas suas redes, assim que tiverem os primeiros resultados.

Quem quiser saber mais detalhes, disponibilizamos abaixo links do anúncio e comunicado oficial da empresa, um documento com perguntas e respostas, um episódio de podcast sobre o assunto, além do site da PMSF.

 

CONTEÚDO EXTRA

Recentes descobertas científicas ampliaram significativamente o entendimento sobre a proteína Syngap1, vital para a plasticidade cerebral, e suas mutações associadas a condições do neurodesenvolvimento, como o autismo e “deficiência intelectual relacionada ao Syngap1” (SRID, na sigla do termo em inglês). Segundo artigo publicado no The Transmitter, aproximadamente metade das pessoas com Syngap1 ou SRID apresentam autismo. Novos modelos de ratos, desenvolvidos para simular mutações no gene Syngap1 observadas em pacientes humanos, estão oferecendo perspectivas inovadoras para possíveis tratamentos terapêuticos.

Um estudo da Universidade de Johns Hopkins, liderado pelo professor de neurociência Richard Huganir, introduziu mutações do Syngap1 em ratos saudáveis usando a tecnologia CRISPR. Esses ratos exibiram uma redução de cerca de 50% nos níveis da proteína Syngap1, comparados aos ratos selvagens, e mostraram alterações no comportamento e na função sináptica, características típicas da SRID. Essas descobertas, publicadas na PNAS em setembro, corroboram e expandem pesquisas anteriores, sugerindo que uma diminuição nos níveis da proteína Syngap1 é um mecanismo crucial no desenvolvimento da SRID. Paralelamente, pesquisas em células-tronco pluripotentes induzidas estão explorando novas tecnologias para elevar os níveis da proteína Syngap1, abrindo caminhos para o tratamento de condições como a SRID.

Além de oferecer novos insights sobre a SRID, os estudos recentes também destacam a importância de abordagens personalizadas no tratamento de condições do neurodesenvolvimento. A pesquisa enfatiza a relevância de compreender as particularidades genéticas e moleculares de cada caso para desenvolver intervenções mais eficazes. Com o avanço dessas pesquisas, espera-se que novas estratégias terapêuticas sejam desenvolvidas, não apenas para a SRID, mas também para outras condições relacionadas ao espectro do autismo, marcando um passo significativo em direção a um futuro de tratamentos personalizados e mais eficientes.

Para obter mais informações detalhadas sobre esses avanços, acesse a reportagem completa no site The Transmitter, em inglês, publicada pela jornalista Claudia López Lloreda, no dia 23.dez.2023 (há uma versão traduzida pelo Google Tradutor aqui).

Healthtechs brasileira fizeram estudo com mais 2 mil pessoas sobre o panorama do autismo do Brasil

A revista Veja destacou, na semana passada (05.dez.2023), os resultados da pesquisa “Retratos do Autismo no Brasil em 2023”, realizada pelas startups de saúde Tismoo.me e Genial Care. Os números obtidos na pesquisa são destaque da capa da Revista Autismo número 23 (deste trimestre dezembro, janeiro e fevereiro.2024).

reportagem de Veja destaca que “49% dos autistas têm alguma doença crônica ou secundária, 50% não têm acesso a recursos e suportes adequados e 7% tentaram suicídio”, números muito relevantes sobre a saúde da pessoa autista e sua família. E ainda destaca, no título (“Com falta de dados, pesquisa tenta captar a realidade do autismo no Brasil“) a falta de dados que temos no país a respeito do transtorno do espectro do autismo (TEA).

Suicídio

A respeito de suicídio entre autistas e familiares, a reportagem destaca a fala de Francisco Paiva Jr. cofundador da Tismoo.me e editor-chefe da Revista Autismo: “Pesquisas científicas apontam para um número 8 vezes maior na tentativa de suicídio feita por autistas em relação à população em geral. E nesta pesquisa, o número foi alarmante: 7,26% dos autistas alegaram que já atentaram contra a própria vida”. Vale destacar que a Tismoo.me está treinando uma inteligência artificial para identificar ideação suicida de autistas e familiares, a fim de prevenir essas questões

Cuidadores de autistas

Outro aspecto relevante são as questões relacionadas a cuidadores de crianças autistas ou autistas de qualquer idade com nível de suporte maior (2 ou 3). A reportagem salienta a preocupação da grande maioria dos cuidadores com o futuro a longo prazo da pessoa autista (79%). “Essa preocupação ultrapassa barreiras geográficas, etárias e de renda. Em um país tão grande e diverso como o Brasil, a preocupação onipresente com o futuro exige uma análise mais profunda”, ressalta o fundador e CEO da Genial Care, Kenny Laplante.

Mais detalhes sobre a pesquisa estão nessa reportagem de Veja e também na reportagem de capa da Revista Autismo número 23.

 

(Originalmente publicado no Canal Autismo / Revista Autismo)

Em entrevista exclusiva à Revista Autismo, o neurocientista brasileiro Alysson Muotri, professor da faculdade de medicina da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), explica em detalhes o porquê de enviar organoides cerebrais (“minicérebros”) de autistas para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês para International Space Station). Assista à entrevista em vídeo no Canal do Youtube da Revista Autismo.

Dr. Alysson Renato Muotri, que é e cofundador das startups Tismoo Biotech e Tismoo.me, explicou sobre cada um dos quatro envios de remessas de organoides cerebrais para a Estação Espacial, o que deu certo e o que deu errado em cada um deles, desde 2019 — inclusive sobre a remessa que está atualmente no espaço. Ele fala ainda do convite da Nasa para que ele seja o primeiro cientista do mundo a ir ao espaço, o que deve acontecer no próximo ano (2024), além de seu esforço para levar experimentos brasileiros para a ISS.

Entrevista em vídeo

Não deixe de assistir, a seguir, à entrevista, que tem 38 minutos de pura neurociência a respeito de autismo, neurodesenvolvimento e síndromes relacionadas ao espectro.

CONTEÚDO EXTRA

 

(Originalmente publicado no Canal Autismo / Revista Autismo)

Em um feito pioneiro, a equipe de pesquisa da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), liderada pelo neurocientista brasileiro Dr. Alysson Muotri, cofundador das startups Tismoo.me e da Tismoo Biotech, realizou, em parceria com a Nasa (a agência espacial americana), o quarto envio de organoides cerebrais (“minicérebros”) para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês para International Space Station) — o primeiro envio aconteceu em 2019. O projeto, que decolou na 29ª missão de reabastecimento comercial da SpaceX, tem como objetivo entender a influência da microgravidade, radiação e outros fatores espaciais no processo de envelhecimento cerebral e contribui para sua pesquisa sobre autismo.

Vale destacar também que, recentemente, o Dr. Muotri fez uma proposta ao governo brasileiro para expandir essas aplicações para cientistas brasileiros, mas ainda não obteve resposta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil.

A missão

Utilizando organoides cerebrais, que são versões miniaturizadas e laboratoriais do cérebro humano derivadas de células-tronco, os cientistas buscam esclarecer a resposta do cérebro aos estressores espaciais. Pesquisas anteriores já indicaram um envelhecimento molecular acelerado dos organoides na ISS. A nova experiência promete expandir a compreensão sobre a saúde cognitiva e explorar formas de proteger o cérebro contra o declínio cognitivo e melhorar os modelos de “minicérebros” para os estudos sobre transtorno do espectro do autismo (TEA) e outras condições do neurodesenvolvimento (Leia o artigo Minicérebros no espaço? Pra quê? para entender a relação entre autismo e o espaço).

Dr. Muotri enfatiza a importância da ISS como um ambiente insubstituível para simular a microgravidade por períodos prolongados, o que não é possível na Terra. O estudo, que faz parte de um amplo programa de investigação do Instituto de Células-Tronco Sanford, será conduzido em uma plataforma microfluídica automatizada e terá duração de 30 a 40 dias, exigindo pouco envolvimento dos astronautas. Nesta missão, duas pesquisadoras brasileiras do Muotri Lab participaram dos experimentos que estão sendo enviados à ISS, Luisa Coelho e Livia Luz.

Durante a permanência na ISS, os pesquisadores monitorarão o crescimento dos organoides e a morte celular, além de documentar as mudanças sofridas pelos modelos em resposta ao ambiente espacial. Com o retorno à Terra, serão analisadas as atividades celulares e coletados dados de expressão gênica para entender a resposta dos organoides ao voo espacial.

CRS-29

Os resultados podem trazer benefícios não só para futuros astronautas, mas também para a proteção do cérebro humano contra o declínio cognitivo na Terra, oferecendo novas perspectivas para o tratamento de doenças neurodegenerativas como demência, alzheimer e, logicamente, autismo.

A missão SpaceX CRS-29 zarpou do Centro Espacial Kennedy da Nasa, no Cabo Canaveral, Flórida (EUA), nesta sexta (6.nov.2023), às 00h01 — horário de Brasília. O sucesso desta missão reforça o compromisso contínuo com a pesquisa espacial e seu potencial para gerar descobertas revolucionárias na medicina regenerativa e na investigação aprofundada a respeito do transtorno do espectro do autismo (TEA).

5, 4, 3, 2, 1…

Numa postagem no Facebook, Dr. Muotri contou:

“Ontem decolou do Cabo Canaveral na Florida, nosso maior experimento biológico, feito por duas brasileiras (Livia e Luisa), para a estação espacial. São três payloads, com milhares de organoides cerebrais humanos, que irão crescer pelos próximos 30 dias em microgravidade. Os experimentos foram desenhados para entender os mecanismos de envelhecimento neural, abrindo perspectivas para o envelhecimento saudável e tratamento de milhares de condições neurológicas, incluindo autismo e demências. E de quebra, estaremos ajudando a colonização interplanetária. Pessoalmente, acho que o foguete leva ainda algo mais importante, a esperança de que a humanidade, ao olhar o mundo por uma outra perspectiva, consiga encontrar um caminho de se desenvolver sem autodestruição. Parabéns ao Brasil por treinar cientistas com esse calibre, sem medo de inovar. Que outros experimentos, tão fascinantes quanto esse, venham num futuro proximo.”

Veja, a seguir, o vídeo do lançamento do foguete com a pesquisa do Dr. Alysson Muotri rumo à ISS.

 

 

CONTEÚDO EXTRA

A Associação Brasileira de Síndrome de Rett (Abre-te) realizou na manhã deste domingo (22.out.2023) a 4ª Caminhada pela Síndrome de Rett, com o objetivo de conscientizar a sociedade e chamar a atenção da mídia para a síndrome. O evento, que tradicionalmente acontecia na Avenida Paulista, neste ano foi realizado no Parque Jardim das Perdizes, em São Paulo (SP), como parte de ações do “Outubro Roxo” em todo país.

Com todos vestindo camiseta roxa, as famílias se reuniram no parque, naquela agradável e linda manhã de domingo, fizeram uma caminhada nos arredores e voltaram para um piquenique. Também foram distribuídos panfletos com informações sobre a síndrome, que é uma doença rara — com prevalência de 1 em cada 10 mil a 20 mil pessoas do sexo feminino (são muito raros meninos com Rett).

Autoridades

O evento teve presenças ilustres, como Silvia Grecco, mãe de autista que está à frente da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência em SP (que, no evento, anunciou que a cidade de São Paulo deverá ter o primeiro hospital dos raros do mundo, cujo terreno já foi doado), e Vita Aguiar, conselheira estadual da pessoa com deficiência (PcD) na Secretaria Estadual da Saúde (SP).

Veja imagens do evento nos stories do Instagram da @RevistaAutismo (neste link e outro neste aqui).

Saiba mais a respeito da Síndrome de Rett no site da Abre-te, em abrete.org.br/sobre-rett/.

Identificar sinais precoces do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nos comportamentos de crianças é um passo fundamental para uma compreensão mais profunda e intervenções eficazes. Muitos pais se questionam sobre como sua suspeita pode contribuir para o diagnóstico, especialmente quando observam comportamentos atípicos na primeira infância.

O diagnóstico de TEA, geralmente, é realizado por especialistas quando a criança tem entre 1 e 3 anos de idade. No entanto, em alguns casos, pais e familiares próximos que convivem diariamente com a criança podem identificar os primeiros sinais a partir dos 8 meses de vida, dependendo das peculiaridades do caso.

O diagnóstico precoce do autismo desempenha um papel crucial no desenvolvimento da criança dentro do espectro. Ele não apenas proporciona uma melhor qualidade de vida, mas também ajuda a desenvolver habilidades sociais essenciais e a promover a autonomia e independência da criança em diversos ambientes.

A Intervenção Precoce e Seu Papel Significativo

A intervenção precoce refere-se à terapia estimulativa que é iniciada assim que os primeiros sinais de TEA são identificados. Uma abordagem notável é o Modelo Denver, desenvolvido após duas décadas de estudos e pesquisas, sendo reconhecido pela revista Times em 2012 como uma das maiores descobertas médicas.

Essa intervenção terapêutica é especialmente benéfica para crianças com até 5 anos de idade. Ela auxilia no desenvolvimento de habilidades de comunicação, fortalece competências sociais, promove o crescimento cognitivo e aprimora habilidades motoras. Quando iniciada nos primeiros anos de vida, a intervenção tende a ser mais eficaz, reduzindo as chances de surgimento de problemas adicionais.

O Modelo Denver adota princípios da Análise do Comportamento Aplicada, e envolve pais e terapeutas que utilizam atividades lúdicas e brincadeiras para reforçar comportamentos positivos.

Identificando os Primeiros Sinais

É crucial que todos os pais estejam atentos aos primeiros sinais do autismo. Irmãos de crianças já diagnosticadas com autismo têm maior probabilidade de desenvolver a condição e, portanto, requerem atenção especial. Embora o diagnóstico de TEA não possa ser feito apenas com base em observações visuais, alguns sinais comuns que merecem atenção incluem:

  • Repetição de ações contínuas.
  • Respostas limitadas quando chamados pelo nome.
  • Reações incomuns a situações cotidianas.
  • Dificuldade em lidar com mudanças na rotina.
  • Repetição de palavras ou frases ouvidas.
  • Dificuldade em estabelecer relacionamentos sociais.
  • Pouca capacidade de contato físico e visual.
  • Limitada compreensão das próprias emoções.
  • Dificuldade em participar de brincadeiras imaginativas.

É fundamental que os pais compartilhem suas preocupações com profissionais de saúde, permitindo um direcionamento adequado.

Geralmente, os sinais do autismo em crianças são mais evidentes até os 5 anos de idade.

Primeiros Sinais de Autismo na Primeira Infância

Aqui estão alguns exemplos que podem ajudar os pais a identificar mudanças significativas no comportamento de seus filhos nos primeiros meses de vida:

  • Aos 12 meses: Crianças com autismo podem não responder quando chamadas pelo nome, embora possam reagir a outros sons.
  • Aos 18 meses: Muitas crianças com autismo não tentam compensar o atraso na fala por meio de expressões faciais. Ecolalia, a repetição excessiva de frases e palavras, pode ser mais comum nessa fase.
  • Aos 24 meses: Crianças autistas, em sua maioria, não têm o hábito de levar objetos aos pais como forma de interação e, quando o fazem, geralmente não mantêm contato visual

Os Primeiros Passos na Jornada com o Autismo

O diagnóstico precoce do autismo pode inicialmente trazer incertezas e inseguranças para a família. É essencial acolher esses sentimentos e buscar apoio para fortalecer a família durante essa nova jornada.

A paciência é fundamental, uma vez que pessoas com autismo podem não compreender todos os sinais sociais, tornando importante simplificar a comunicação por meio de frases curtas, figuras e formas para facilitar a interação.

Demonstrar interesse pelos interesses da criança com autismo pode criar vínculos e desenvolver confiança, além de promover o crescimento das habilidades sociais.

Não se desespere com o diagnóstico. Embora inesperado, buscar ajuda para a criança e para si mesmo é crucial.

O amor é sempre o melhor remédio. Cada pessoa com autismo é única, e é importante aprender como expressar carinho de maneira que seja compreensível para a criança.

Diagnóstico do Autismo

O diagnóstico do autismo é um processo individualizado. Embora haja padrões de sintomas e comportamentos, a orientação de profissionais qualificados e a documentação adequada desempenham um papel significativo, devido à variedade de sinais de TEA.

A Tismoo é uma empresa de biotecnologia globalmente reconhecida e comprometida em melhorar a qualidade de vida de pacientes e famílias afetadas por transtornos do neurodesenvolvimento, incluindo o TEA e transtornos neurológicos relacionados. Seu trabalho inovador busca proporcionar soluções que impactam positivamente a vida dessas pessoas. Conheça mais sobre o nosso trabalho e como podemos ajudar.

Em meio ao tecido intrincado da saúde humana, a busca por noites de sono reparador revela-se uma jornada desafiadora para muitos. Para aqueles que vivenciam o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), o sono se torna uma questão complexa que repercute profundamente nas preocupações das famílias. O sono, um tesouro que traz vantagens valiosas ao corpo, pode ser elusivo para indivíduos no espectro, gerando indagações sobre suas causas e possíveis soluções.

Explorando as Fronteiras do Sono no Autismo

O TEA, um espectro diversificado de experiências, reflete-se em uma variedade de sintomas únicos que afetam cada indivíduo de maneira distinta. Enquanto a ciência ainda desvenda os segredos por trás das dificuldades de sono no autismo, alguns padrões começam a emergir, oferecendo insights preciosos.

1. Complexidades do Sono

A relação entre sono e autismo é complexa e multifacetada. Pesquisas revelam que muitos indivíduos dentro do espectro enfrentam dificuldades para iniciar o sono e mantê-lo, em comparação com aqueles sem o transtorno. Questões como insônia e distúrbios respiratórios durante o sono, como apneia, são comuns entre indivíduos no espectro.

2. Sono REM e Seus Impactos

Um aspecto notável é a tendência de pessoas autistas passarem menos tempo na fase REM (Rapid Eye Movement, em inglês), uma fase crucial para o sono restaurador e para a consolidação da memória. A privação desse estágio do sono pode impactar negativamente o aprendizado e a retenção de memórias.

3. Complexas Intersecções

Os desafios de sono no TEA podem ser influenciados por condições coexistentes, como distúrbios gastrointestinais, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e ansiedade. Além disso, medicamentos utilizados para tratar essas condições podem afetar negativamente o sono, como é o caso de estimulantes que podem causar insônia.

4. Explorando Causas Genéticas

Estudos sugerem que mutações genéticas podem desempenhar um papel nas dificuldades de sono em indivíduos autistas. Pesquisas da Universidade Médica de Jichi apontam para mutações em genes associados aos padrões de sono e vigília, sugerindo que aspectos genéticos podem estar ligados à dificuldade de adormecer e de se manter desperto de acordo com a rotina.

Buscando Soluções

Para muitos, soluções podem ser encontradas por meio da criação de rotinas consistentes e preparatórias para o sono. Estabelecer atividades relaxantes antes de dormir, evitar eletrônicos próximos à hora de dormir e ajustar a temperatura e a iluminação do ambiente são práticas que podem beneficiar o sono.

Em situações mais complexas, intervenções médicas como o uso de CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) ou suplementos de melatonina podem ser consideradas, sob orientação médica.

Qualidade de Vida e Sono

Embora não haja respostas definitivas, estudos sugerem que um sono restaurador pode ter impactos positivos nas habilidades sociais e comportamentais de indivíduos no espectro. Embora não seja uma cura para o TEA, uma melhora na qualidade do sono pode contribuir para uma vida mais equilibrada e gratificante para as pessoas no espectro.

Enquanto a ciência continua a desvendar os segredos do sono no autismo, cada descoberta traz alívio e esperança para famílias e indivíduos, lançando luz sobre uma jornada única e valiosa.